Desde janeiro de 2021, estima-se que mais de 22 mil migrantes tenham atravessado o Canal da Mancha, rumo ao Reino Unido.
A marca de artigos de desporto Decathlon anunciou que vai retirar de venda caiaques nas duas lojas que tem no norte de França (Calais e Grande-Synthe), já que as pequenas embarcações estavam a ser cada vez mais usadas pelos migrantes para atravessar e o Canal da Mancha, numa tentativa de chegarem ao Reino Unido. À agência AFP, a empresa esclareceu que “não é possível comprar caiaques devido ao contexto atual”.
Apesar de a rota já ser utilizada por migrantes há anos, o número de pessoas que tem atravessado o Canal da Mancha desde o início de 2020 aumentou consideravelmente, o que se refletiu também num aumento da venda destas embarcações nas lojas francesas.
A Decathlon, por sua vez, veio esclarecer que esta não é a utilização aconselhada dos pequenos barcos e que o seu uso desportivo tem vindo a ser adulterado. “Não é a conceção que se dá a estes produtos, nem a utilidade primária”. Foi também evocada como justificação para a decisão o facto de os caiaques estarem a colocar “a vida das pessoas em perigo“. A medida, segundo foi explicado, foi decidida pelas lojas e “validada pela empresa”.
De acordo com a marca, nas suas lojas continuarão disponíveis outros instrumentos, tais como coletes, remos ou proteções térmicas, que assegurarão a segurança das pessoas em ambiente aquática, escreve a TSF.
Na sexta-feira, três migrantes foram dados como desaparecidos depois de tentarem atravessar o Canal da Mancha com recurso a caiaques. De acordo com os registos das autoridades inglesas, ao longo das últimas semanas, o número de migrantes a chegar à costa inglesa tem batido sucessivos recordes — estima-se que desde janeiro tenham sido cerca de 22 mil.