Nas declarações aos jornalistas, o eurodeputado focou-se na oposição a António Costa e em afirmar-se como o melhor candidato para pôr fim ao domínio do PS.
Paulo Rangel está na Madeira para conquistar votos. Para que eleição? Não é claro. O eurodeputado, que se deslocou à região para se reunir com Miguel Albuquerque, presidente do Governo regional, falou aos jornalistas com um discurso que em muito se assemelhava ao de um candidato a primeiro-ministro, já que as críticas ao Governo de António Costa e à forma como este tem vindo a tratar o território insular foram uma constante. “Este Governo [o da República] tem prejudicado tanto os interesses da Madeira e dos madeirenses”, disse.
“Sinceramente, eu venho cá justamente mostrar que serei aquele que será capaz de inverter essa relação [entre os dois Governos], naquilo a que eu chamo uma via verde com as regiões autónomas e em particular com a Madeira”, reforçou.
O eurodeputado destacou a Lei das Finanças Regionais, o financiamento a 50% do novo hospital da Madeira e a questão das verbas previstas do Orçamento do Estado para a região como alguns dos temas que pretendia discutir com Albuquerque.
Nesta linha, Rangel comprometeu-se, caso seja eleito primeiro-ministro, a iniciar um novo tipo de relacionamento com as regiões autónomas, o qual passará pelo cumprimento do que foi assumido pelo Estado. “Se há matéria na qual podemos fazer alguma evolução progressiva nas autonomias, e isto vale tanto para a Madeira como para os Açores, é em matéria fiscal”, afirmou, citado pelo jornal Público.
No que respeita à corrida pela liderança do PSD, Rangel, surpreendentemente, transferindo-a para segundo plano, optando por dar destaque às eleições legislativas. “Nós vamos ter eleições legislativas no dia 30 de janeiro, portanto o que se trata agora não é tanto uma campanha dentro do PSD, é de uma escolha de quem será o candidato a primeiro-ministro, para defrontar António Costa, um Governo que tem prejudicado tanto os interesses dos madeirenses e da Madeira”, afirmou.
Questionado pelos jornalistas sobre uma sondagem divulgada recentemente que dá a vitória ao seu opositor Rui Rio, Rangel desvalorizou-a, sustentando que “as sondagens são apenas um instrumento”. Já sobre o tempo que decorre entre as eleições internas do PSD, marcadas para 27 de novembro, e as legislativas, em 30 de janeiro, o candidato considera suficiente para trabalhar na preparação do sufrágio.
“Primeiro, o PSD é um partido que está vocacionado para ter maiorias e para ir a eleições, tem de estar sempre preparado, e depois sinceramente eu também tenho uma larguíssima experiência nacional e internacional”, defendeu.
Em território madeirense, foi ainda confrontado com as críticas de Alberto João Jardim, histórico social-democrata e apoiante de Rui Rio, que acusa Rangel de querer trazer de volta o passismo ao partido. Mesmo assim, Rangel evitou entrar em polémica e rejeitou a acusação.
“O dr Alberto João Jardim tem toda a liberdade para dizer o que quer. É um homem livre, mas estamos em 2021, não estamos em 2011 ou em 2015. Os desafios que se põem hoje são desafios totalmente diferentes, e as repostas do passado não podem ser as repostas para os problemas de agora”, retorquiu.