Tan-Awan, uma cidade com cerca de 2.000 pessoas na província de Cebu, nas Filipinas, depende dos tubarões-baleia para obter rendimento.
Antes da pandemia, em 2019, as águas de Tan-Awan atraíram mais de meio milhão de turistas, curiosos para interagir com os enormes tubarões-baleia, animais marinhos que podem facilmente atingir mais de 18 metros de comprimento.
Segundo uma reportagem publicada recentemente no The New York Times, Tan-Awan era uma comunidade piscatória adormecida até os animais se terem tornado uma atração global, há cerca de uma década.
Os tubarões-baleia são migratórios, mas os residentes dependentes do turismo de Tan-Awan encorajaram alguns deles a permanecer durante todo o ano, com a prática altamente controversa de alimentar os animais selvagens num horário diário.
Os animais selvagens mas dóceis, que não representam qualquer ameaça, têm inclusivamente privado com mais humanos do que outros animais.
Entrevistada pelo diário norte-americano, a bióloga marinha Ariana Agustines explicou que, nos últimos anos, a frequente alimentação humana alterou o comportamento dos tubarões-baleia, que passam cada vez mais tempo perto da superfície da água, acabando por se ferir e sujeitar a outros perigos, como barcos que estão atracados na zona costeira.
Em Tan-Awan, este problema agrava-se. Os locais alimentam os tubarões com camarão sergestídeo, conhecido localmente como “uyap”. “Isto é um grande desvio da sua dieta natural”, alerta a especialista.
Apesar de todos os apelos dos especialistas, os habitantes de Tan-Awan – principalmente os que dependem do turismo para sobreviver – não pretendem deixar de os alimentar, para garantir que os turistas veem, pelo menos, um tubarão à superfície.
Só em 2019, o lucro da industria do turismo, principalmente com os encontros com tubarões-baleia, foi superior a 3,5 milhões de dólares.
De acordo com o artigo, foram identificados cerca de 1.900 tubarões-baleia nas águas das Filipinas, sendo já a segunda maior população conhecida do mundo.
Em termos globais, a população de tubarões-baleia foi reduzida em mais de metade nos últimos 75 anos, e o declínio na região do Indo-Pacífico foi ainda mais acentuado, dados que levaram a introduzir estes animais na lista de 2016 de espécies em vias de extinção.
Os alertas, apesar de significativos e emergentes, parecem não afetar as populações que vivem do turismo.