O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, e o ministro da Energia da Arábia Saudita discutiram hoje a ideia de criar uma aliança de países produtores de gás, perante a alta dos preços do “ouro azul”.
Num fórum de Energia em Moscovo, Novak disse que regular o mercado de gás à imagem da OPEP+ era uma ideia “racional”, mas acrescentou que era necessário “trabalhar nisso com mais cuidado”.
No mesmo fórum, o ministro saudita Abdelaziz bin Salman disse que tinha discutido essa ideia com Novak, que já foi ministro da Energia na Rússia e é um profundo conhecedor da OPEP+.
A OPEP+ é uma aliança entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros países produtores de petróleo que não fazem parte desse cartel, tal como a Rússia, que visa regular o abastecimento de petróleo e, assim, controlar o seu preço.
“Discutimos (…) e concluímos que seria bom refletir sobre essa questão. Vamos estudar isso”, disse o ministro saudita.
Os países exportadores de gás já se reúnem regularmente no Fórum dos Países Exportadores de Gás (FPEG), uma organização da qual Riade não é membro – apesar de ser um peso pesado do petróleo, a Arábia Saudita é apenas o nono maior produtor de gás do mundo, de acordo com dados da Agência de Informação de Energia dos Estados Unidos.
Ao contrário da OPEP, o FPEG não estabelece quotas de produção para os seus membros.
Com os preços do gás a variar muito de país para país e num mercado dependente de gasodutos de longa construção que unem produtores e importadores durante décadas, um cartel que procurasse controlar os preços do gás teria mais dificuldade em operar do que num mercado globalizado do petróleo.
O preço do gás europeu não reagiu de forma apreciável a estas observações: o mercado de referência, o TTF holandês (Title Transfer Facility), situou-se nos 99,03 euros (uma subida de cerca de 5%) por megawatt hora (MWh), depois de ter atingido o ponto mais alto em 06 de outubro, a 162,12 euros, e antes de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter dado garantias de que o seu país asseguraria a procura europeia.
Ainda assim, o preço do gás subiu 600% nos últimos 12 meses.
// Lusa