A Igreja Evangelista já admitiu que foi “um erro terrível” enterrar um conhecido neonazi na sepultura que anteriormente pertenceu a um judeu.
Henry Hafenmayer foi enterrado na passada sexta-feira no cemitério de Südwestkirchhof Stahnsdorf.
O neonazi, e negacionista do Holocausto, ganhou notoriedade antes de morrer por ter sido condenado com pena de prisão.
Meses antes de falecer, o alemão de 48 anos, enviou cartas de teor antissemita a várias instituições públicas em que afirmava que o Holocausto era uma “mentira”.
Segundo o The Guardian, o neonazi foi enterrado no local onde anteriormente esteve sepultado Max Friedländer, um músico e académico judeu nascido na Prússia que morreu em 1934.
Como noticia o jornal britânico, a lápide de Friedländer foi coberta com um pano preto e com letreiros com o nome de Hafenmayer e o versículo bíblico “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João, 8:32).
Após o sucedido, a igreja que gere o cemitério já explicou que o local da sepultura de Max Friedländer tinha sido reclamada para novos enterros, como é procedimento normal nos casos em que o arrendamento não é renovado após o “período de descanso”.
A igreja explicou ao The Guardian que as cinzas do académico judeu já tinham sido removidas, mas a sua lápide foi deixada no local por ter sido considerada um monumento.
Acrescentou ainda que o pedido inicial do advogado de Hafenmayer solicitava uma sepultura mais central. Este pedido terá sido negado por a gestão temer que o cemitério se pudesse tornar um ponto de encontro para grupos extremistas.
Assim, o advogado terá avançado com o pedido para ocupar a sepultura desocupada de Friedländer. A igreja terá aceitado a proposta com base no princípio de que todos os humanos “têm o direito a um local final de descanso”.
No entanto, o bispo responsável já afirmou ainda que a esta autorização foi “um erro terrível” e que a instituição está “a averiguar se será possível reverter o processo”.
Por sua vez, Samuel Salzborn, membro do gabinete federal de Berlim que combate o antissemitismo, apresentou esta terça-feira uma queixa no Departamento de Justiça.
Salzborn considera que “é óbvio que os extremistas de direita escolheram deliberadamente uma sepultura judaica para perturbarem a paz eterna através do negacionista do Holocausto”.