A lava expelida pelo vulcão Cumbre Vieja desde o início da sua erupção cobre 709 hectares, incluindo a superfície que foi recuperada ao mar desde a noite do dia 28 de setembro.
A lava que caiu para o mar a partir do vulcão de La Palma, nas Canárias, cobre uma superfície de mais de 20 hectares, de acordo com uma estimativa feita pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Com base numa imagem do sistema de satélites europeus Copernicus feita na quarta-feira, a lava expelida pelo vulcão desde o início da sua erupção, a 19 de setembro, cobre 709 hectares, incluindo a superfície que foi recuperada ao mar desde a noite do dia 28 de setembro, e atingiu 1.005 edifícios, dos quais 870 foram destruídos.
O número de quilómetros de estradas afetadas também aumentou para 30,2 km, dos quais 27,7 km foram destruídos pelo fluxo de lava.
O vulcão emitiu 80 milhões de metros cúbicos de material desde que começou a sua erupção, avançou o presidente da região espanhola das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres.
O fluxo de lava que emerge dos dois novos centros emissores do vulcão Cumbre Vieja procura juntar-se ao fluxo de lava original à medida que avança em direção ao mar.
O diretor técnico do Plano de Prevenção de Riscos Vulcânicos espanhol, Miguel Ángel Morcuende, e a diretora do Instituto Nacional Geográfico nas Ilhas Canárias, María José Blanco, explicaram que estes dois centros emissores, que abriram nas primeiras horas da manhã, estão a cerca de 15 metros de distância e a 600 metros do cone principal.
Com estas duas novas saídas, existem agora quatro focos de lava que emitem no vulcão em La Palma, que, segundo Morcuende, mantém uma atividade “intensa”.
O técnico explicou que os dois fluxos de lava estão a avançar ao longo de uma topografia favorável e procuram juntar-se ao primeiro fluxo que surgiu durante a erupção, atravessou a estrada LP-211 e continua a sua evolução para níveis mais baixos.
Por outro lado, depois da chegada do fluxo de lava ao mar, a Unidade de Emergência Militar (UME) detetou picos ocasionais em certas áreas em que a qualidade do ar excede os níveis exigidos, o que não significa que, de momento, haja um risco para a saúde da população, segundo o tenente-general Luis Manuel Martínez Meijide.
O vulcão Cumbre Vieja está ativo e a expelir lava desde há quase duas semanas e apesar desta situação não houve mortos ou feridos a lamentar entre os 85.000 habitantes da ilha, mas os danos são enormes, segundo as autoridades regionais.
Algumas das partículas emitidas pelo vulcão terão chegado aos Açores, provocando uma “redução significativa da visibilidade horizontal”, avança o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “De acordo com os resultados das previsões do serviço de monitorização atmosférica do programa Copernicus (CAMS), algumas dessas partículas terão chegado ao arquipélago dos Açores sob a forma de aerossol sulfato”, lê-se na nota de imprensa.
O IPMA realça que o aerossol sulfato “resulta da reação em fase líquida do dióxido de enxofre com a água”, formando “pequenas partículas líquidas”. Essas partículas, que podem ser “transportadas pelo vento”, possuem “propriedades óticas que contribuem para uma maior dispersão da luz e, consequentemente, provocam uma redução da visibilidade”.
“Desde o passado dia 29, as observações do IPMA confirmam uma redução significativa da visibilidade horizontal por estas partículas nos grupos central e oriental dos Açores, que deverão encontrar-se principalmente numa camada abaixo dos 800 metros de altitude”, assinala o comunicado.
O IPMA refere ainda que a “elevada humidade” registada nos Açores terá “aumentado o tamanho das partículas”.
O instituto disse estar a estudar a possibilidade de uma reação química provocada pelo vulcão de La Palma estar a criar uma “neblina” em torno de algumas ilhas dos Açores, possibilidade confirmada agora.
ZAP // Lusa