O Reino Unido ordenou esta segunda-feira ao Exército que se prepare para ajudar na atual crise de combustíveis do país, depois de um fim de semana em que os britânicos acorreram aos postos de abastecimento, deixando-os esgotados.
“Um número limitado de motoristas de tanques militares deve estar preparado para intervir e mobilizado, se necessário, para estabilizar o fornecimento de combustível”, disse esta segunda-feira o Ministério dos Negócios e da Energia britânico, citado em comunicado.
Os militares – que vão receber treino de emergência – vão fazer o transporte de gasolina até aos postos “onde é mais necessária e para dar mais garantias de que o abastecimento de combustível continua a ser abundante”, adiantou.
O ministro dos Negócios e da Energia, Kwasi Kwarteng, fez a exigência às Forças Armadas britânicas horas depois de o Executivo ter dito que não se esperava, tão cedo, que os militares fossem forçados a ajudar para controlar a escassez de operadoras no setor dos transportes de mercadorias perigosas.
O governo britânico colocou esta segunda-feira dezenas de militares de prontidão para prestar auxílio, no sentido de resolver os problemas de abastecimento de combustível provocados pela falta de camionistas, uma situação que gerou pânico na aquisição de gasolina em todo o país.
Enquanto os sindicatos pediam que os trabalhadores de serviços essenciais tivessem prioridade para o abastecimento de combustível, o governo de Boris Johnson explicou que estava a colocar os motoristas de pesados do Exército em “estado de prontidão para serem destacados, se necessário, para entregar o combustível onde é mais preciso”.
Kwasi Kwarteng disse que o Reino Unido tem “grandes fornecimentos de combustível”.
“No entanto, estamos cientes dos problemas da cadeia de abastecimento nos pátios de abastecimento dos postos de combustível e estamos a tomar medidas para abrandá-los, como uma questão prioritária”, indicou.
A escassez de combustível no Reino Unido deve-se ao abastecimento desencadeado pelo “pânico”, afirmou o presidente da Associação de Postos de Gasolina (PRA) britânica, tendo o Governo recorrido ao Exército para ajudar.
“Um dos nossos membros recebeu um tanque ao meio-dia e ao final da tarde tinha totalmente desaparecido nos carros das pessoas”, disse Brian Madderson à BBC na manhã desta segunda-feira.
Segundo este responsável, que atribuiu a situação ao “pânico, puro e simples” dos automobilistas, os postos “estão a ser abastecidos, mas o número de tanques que estão a receber está abaixo do número necessário”.
As estações mais afetadas estão nas áreas urbanas do país, acrescentou, enquanto as zonas rurais e a Irlanda do Norte parecem estar a ser poupadas.
A PRA tinha alertado no domingo que cerca de dois terços dos quase 5.500 pontos de venda independentes filiados estavam sem combustível e que os restantes estavam “parcialmente secos ou prestes a esgotar”.
A corrida ao abastecimento acelerou nos últimos dias, depois de várias petrolíferas terem anunciado o encerramento de alguns postos devido à dificuldade em abastecê-los, problema que atribuíram à falta de camionistas para conduzir os tanques desde as refinarias.
Filas de dezenas de automóveis e horas de espera formaram-se junto a algumas bombas de gasolina, tendo a polícia sido chamada para controlar uma escaramuça entre clientes num posto em Londres.
Numa declaração conjunta, empresas do setor, como a Shell, ExxonMobil e Greenergy, vincaram que as dificuldades no abastecimento estão a ser causadas por “picos temporários na procura do cliente – não uma escassez nacional de combustível”.
Nos últimos dias, o Governo tem apelado à calma e a consciência dos automobilistas para que comprem apenas a gasolina ou gasóleo que precisem, mas no fim de semana foi forçado a tomar medidas, anunciando 5.000 vistos para camionistas estrangeiros.
No pacote de várias medidas incluem-se também a suspensão das regras da concorrência, para que as petrolíferas possam partilhar recursos no abastecimento de postos com maior necessidade, o envio de cartas a urgir camionistas para voltarem à profissão e o envolvimento de militares para acelerar a realização de exames de condução de veículos pesados.
// Lusa