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É mesmo possível reconhecer um ditador pelas suas características faciais

U.S. Navy photo by Mass Communication Specialist 2nd Class Jesse B. Awalt / Wikimedia

Muammar al-Gaddafi, ditador que governou a Líbia durante mais de 40 anos.

Os líderes democraticamente eleitos tendem a ter rostos mais atraentes e simpáticos do que os líderes autoritários, conclui um polémico estudo.

É comum as pessoas formarem juízos de valor baseados na aparência de um rosto. No entanto, a maioria das investigações que demonstram uma relação entre a aparência facial de um líder e o seu sucesso político analisaram sistemas políticos democráticos.

Miranda Giacomin e a sua equipa procuraram expandir esta investigação, através da comparação de líderes de nações democráticas com os de regimes autoritários.

A equipa da Universidade MacEwan mostrou fotografias dos rostos de 80 líderes democráticos e de 80 ditadores a 90 norte-americanos, de forma totalmente aleatória. Durante o exercício, os voluntários tiveram de adivinhar se a pessoa numa determinada fotografia tinha sido eleita democraticamente ou se era um ditador.

Segundo o PsyPost, os investigadores descobriram que os participantes foram capazes de distinguir corretamente líderes e ditadores democráticos cerca de 69% das vezes.

Num segundo estudo, desta vez com 229 participantes, os cientistas voltaram a mostrar fotografias de 160 líderes. Nesta fase, os voluntários tinham de classificar o efeito, a atratividade, a competência, o domínio, a maturidade facial, a simpatia e a confiança de cada líder.

Segundo os resultados, os líderes dos países democráticos tinham tendência a parecer mais atraentes, agradáveis e dignos de confiança do que os líderes de regimes autoritários.

“As democracias valorizam a justiça, a abertura e a transparência; como tal, os eleitores preferem políticos cujos rostos transmitem confiança e simpatia. As ditaduras, por outro lado, operam através da subordinação, do engano e da tirania. Ditadores que parecem duros e menos calorosos combinam melhor com este estilo de governação e podem, por isso, conseguir suscitar mais medo e intimidação na população”, explicou a equipa.

Ainda assim, salienta a publicação, este estudo inclui algumas advertências.

“Nestes estudos, rotulamos um líder como ditador ou democraticamente eleito. No entanto, no mundo real, as ‘medidas’ de liberdade e democracia tendem a ser mais fluidas”, alertou Giacomin. “Há também um conjunto de fatores que não levámos em conta nestes estudos que poderiam ter impacto nas perceções, como a etnia do líder”, acrescentou.

O artigo científico foi publicado na Social Psychological and Personality Science.

ZAP //

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