Ao analisar a temperatura da atmosfera, que se encontra a vários quilómetros acima da Terra, os investigadores descobriram uma forma de prever quantos furacões podem afetar o Golfo do México no verão e no outono.
Os novos modelos de previsão de furacões no Golfo do México podem ajudar as autoridades a planear respostas a grandes desastres, tal como a mitigar o perigo apresentado por furacões como o Ida.
Os climatologistas desenvolveram várias técnicas para prever a intensidade da época de furacões. No entanto, a maioria deles vê a bacia do Atlântico como um todo, e não apenas como o Golfo. Segundo os autores do novo estufo, esta perceção é um problema já que as condições geográficas e climáticas são bastante diferentes no Golfo do México, que é uma sub-bacia do Atlântico.
“O Golfo do México é uma sub-bacia do Atlântico muito ativa”, referiu Paul Miller, principal autor no novo estudo, publicado na revista AGU Geophysical Research Letters.
De acordo com o estudo, é mais provável que as tempestades se formem no início da época de furacões no Golfo do que no Atlântico. Ou seja, em épocas de pico de temperatura na superfície do oceano, de agosto a outubro, os sistemas de tempestades nascem no Golfo e podem utilizar a energia disponível para se intensificar rapidamente.
Além disso, como o Golfo é quase totalmente fechado, estas tempestades geralmente envolvem algum tipo de impacto terrestre.
Estes fatores são a razão pela qual é importante haver a capacidade de prever a quantidade de furacões que podem impactar o Golfo, mas até agora não havia uma forma eficaz de o fazer.
Durante a pesquisa, a equipa examinou os registos de modelos mantidos pelo National Center for Environmental Prediction a partir de 2012, de modo a procurar tendências que pudessem revelar formas de prever tempestades no Golfo.
Os investigadores, escreve o Phys, notaram uma correlação entre a temperatura na metade da troposfera – a camada mais baixa da atmosfera da Terra – e o número de tempestades.
A temperatura média dessa área acima do Golfo, prevista por modelos executados em maio, pode prever com precisão quantas tempestades poderão passar pelo Golfo de junho a novembro – que corresponde à típica altura de tempestades.
Corene Matyas, professora de geografia da Universidade da Flórida, sublinha a importância deste avanço. “Criaram uma métrica bastante simples para tentar prever furacões no Golfo do México”, referiu.
A maioria dos modelos tenta apenas prever os sistemas de tempestades do Atlântico como um todo, acrescentou, referindo que esta técnica destaca “a necessidade de olhar para uma sub-região de toda a bacia do Atlântico porque as condições podem ser diferentes”.
Por sua vez, Miller afirma que as autoridades competentes podem usar este modelo para preparar melhor os recursos para a mitigação de desastres, seja a instalação de abrigos ou outras questões.
Também as indústrias podem usá-lo para desacelerar as operações antes de possíveis grandes estragos.
Um exemplo de uma grande tempestade que atingiu o Golfo do México nos últimos tempos foi o furacão Ida.
O impacto do furacão reduziu a produção de petróleo no Golfo do México durante semanas e agora vai manter a pressão sobre as reservas até ao início do próximo ano, alertou a Agência Internacional de Energia (AIE).
Só em agosto, estima-se que tenha havido uma nova queda de 31,1 milhões de barris.