Mesmo com o crescimento histórico de 15,5% no segundo trimestre de 2021, a economia vai ter de chegar a valores pré-pandemia para se cumprir o objectivo de 5% de crescimento anual apontado pelo Ministro das Finanças.
É um desafio, mas o alívio das medidas restrictivas anunciado pelo governo podem ser a alavanca necessária para a recuperação económica. O crescimento de 15,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre deste ano é animador, mas deveu-se mais à recessão que se verificou no mesmo período em 2020, no início da pandemia.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e os cálculos do ECO, para se atingir o crescimento anual de 5% apontado recentemente por João Leão, a economia vai ter de crescer 5,8% nos últimos seis meses do ano.
Para se atingirem estes valores, o PIB vai ter de cumprir as previsões da Comissão Europeia para o resto do ano e crescer perto de 3,6% em cadeia no terceiro trimestre e 1,1% no quarto – apesar dos especialistas europeus terem esperado um crescimento em cadeia de 3,3% no segundo trimestre, que na realidade foi de 4,9%.
Estes crescimentos significam que a economia tem de se aproximar dos valores pré-pandemia, já que o terceiro trimestre teria de criar um PIB próximo de 50,72 mil milhões de euros, em comparação com os 50,97 mil milhões de euros alcançados no mesmo período de 2019.
Com o aumento homólogo de 15,5% no segundo trimestre, quando se compara esta actividade económica com a do quarto trimestre de 2019 – o último que não sofreu nenhuns efeitos da pandemia – o PIB está cerca de 4,5% abaixo dos valores antes da covid-19.
Estes números vão ao encontro das antecipações dos economistas da Universidade Católica, que acreditam que a economia nacional “deverá estar a operar a cerca de 95,5% do nível do 4º trimestre de 2019, o último sem efeitos da pandemia e dos confinamentos”.
Caso as previsões de João Leão se confirmem e se chegue aos 5%, Portugal vai continuar atrás da média europeia de recuperação económica. O quarto trimestre de 2021 deve ainda assim ficar abaixo dos valores do mesmo período de 2019.
Segundo os cálculos do ECO, a diferença entre 2019 e 2021 será ainda de 2,9% e apenas em 2022 deve a economia recuperar totalmente dos efeitos da pandemia. Esta é também a previsão feita pelo Banco de Portugal (BdP) no último Boletim Económico, divulgado em Junho.
“O PIB deverá crescer 4,8% em 2021, 5,6% em 2022 e 2,4% em 2023. A economia recupera o nível de 2019 na primeira metade de 2022. O perfil do crescimento económico reflete uma reação mais rápida do que esperado ao levantamento das restrições a partir de março. Esta melhoria é extensível à procura externa e ao investimento”, prevê a instituição reguladora.