De acordo com estimativas de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), a vacinação contra a covid-19 terá permitido evitar aproximadamente 700 mortes em pouco mais de dois meses e meio.
O resultado apresentado foi obtido através da análise do rácio entre o número de casos e o número de mortes anteriores ao início da vacinação, sendo que foram usadas as estimativas para calcular o valor esperado de óbitos numa altura em que já é evidente o impacto da vacinação.
A equipa do ISPUP calculou o número de mortes evitadas a partir de 1 de maio passado, quando terminou o estado de emergência.
Milton Severo, epidemiologista e investigador do ISPUP, refere que no final de outubro passado, altura em que as medidas e restrições eram parecidas, os óbitos diários oscilavam entre as três e quatro dezenas, quando na semana passada a média foi de seis a sete mortes por dia, contabiliza. “É cinco vezes menos”, sublinha em declarações ao Público.
Esta análise demonstra que a vacinação está a funcionar, ainda que o padrão da mortalidade não se tenha alterado substancialmente, pois são os mais velhos que continuam a ser os que mais morrem com covid-19 em números absolutos.
Nos últimos dias, as mortes com covid-19 têm vindo a aumentar, mas, de novo, os números não se comparam com os que se verificavam no período anterior ao início da campanha de vacinação.
“Há uma redução de cerca de 80%” nos óbitos quando se compara a situação atual com a vivida no final de outubro”, calcula o matemático Carlos Antunes.
Esta redução é confirmada por uma análise do ZAP à relação entre o número de mortes e de casos verificados esta quinta-feira e no dia 31 de janeiro, data em que ocorreram mais mortes por covid-19 em Portugal.
Nesta data, cerca de quatro semanas após a início da vacinação da população, foram registados 9.498 novos casos de covid-19 e ocorreram 303 mortes por covid-19, ou seja, uma taxa de 32 mortes por cada mil casos de infeção.
A 22 de julho, com 65,6% da população vacinada e o país parcialmente desconfinado, foram registados 3.622 novos casos de infeção e ocorreram 16 mortes — ou seja, uma taxa de 4 mortes por cada mil casos, um oitavo da taxa de 31 de janeiro.
Comparando o número de mortes por covid-19 a 22 de julho deste ano com o mesmo número do ano passado, data em que foram registados 252 novos casos e 5 mortes (um racio de 20 mortes por cada mil casos), verifica-se que o há número de mortes por cada mil casos foi 4 vezes superior ao verificado esta quinta-feira.
Redução da incidência e redução da gravidade
Com o disparar da incidência provocado pela variante Delta, os números estão agora a aumentar, mas continuam a ser muito inferiores aos que seriam de esperar sem vacinação.
O que diminuiu de forma expressiva nas idades mais avançadas foi a taxa de letalidade. “Há uma redução efetiva da letalidade acima dos 70 anos, que é ainda mais acentuada acima dos 80 anos”, sublinha Carlos Antunes.
“Antes da vacinação, quando adoeciam, 16,6% [no grupo dos mais de 80] morriam. A partir de março deste ano, a taxa de letalidade diminuiu para 1,4 %. E, na faixa etária entre os 70 e os 79 anos, esta taxa que antes era de 6,4% baixou para 2,5% a partir de março”, especifica.
Ainda assim, o epidemiologista sublinha que “o efeito da vacinação vê-se em dois fatores, sendo eles a redução da incidência e a redução da gravidade da doença e do número de óbitos, refere o matemático.
No entanto, o padrão continua a ser a da concentração da maior parte das mortes nas idades mais avançadas, apesar de a proporção ter diminuído.
Com base nestes números, o matemático e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Óscar Felgueiras, observa que o total de mortes na faixa etária a partir dos 80 anos é, neste período, sete vezes superior ao total de óbitos no grupo entre os 50 e os 59 anos quando, historicamente, desde o início da pandemia e antes do arranque da campanha de vacinação, era “quase 24 vezes mais”.
Comparando com a faixa entre os 60 e os 69, a proporção também se alterou. “É agora 3,4 vezes superior quando historicamente era 7,3 vezes mais”. “Os mais idosos estão a morrer muito menos e isso é resultado da vacinação”, conclui.
Então imaginem quantas mortes se evitavam se levantassem as patentes desde que há vacina.
Os peritos e os politicos deviam era ir apanhar amêijoa.
é claro que o virus estar presente nas populações desde há bem mais de ano e meio, ter feito as suas vitimas entre os mais débeis como qq outro virus sempre faz e hoje em dia já ser epidémico não tem nada a ver com os números actuais. /s
Portanto compara-se Janeiro onde os virus respiratórios abundam com o verão assim?? grandes cientistas!
Um professor universitário faz um estudo sobre uma pandemia histórica e compara um ano com outro, em seguida vem por isto em causa! É o que eu digo, arroz e feijão com fartura.
É incrível… comparar valores de mortalidade de um Janeiro em que se fez sentir um frio extremo em toda a Europa (e que antes era notícia pelas mortes que causava entre os idosos, mas agora já não vale a pena referir…), em que circulava uma doença ainda nova e com uma mutação mais contagiosa (na altura, a britânica), com os meses de primavera/verão, é de uma ciência nunca vista… vale tudo para vender a ideia. Podemos também comparar a mortalidade de Janeiro e de Maio dos anos anteriores e tirar daí conclusões. Mas se calhar não interessa…
Cara leitora,
O estudo não compara a “mortalidade geral” de janeiro com a da primavera, e muito menos a mortalidade por gripe, que se faz sentir mais no inverno; foca-se especificamente na mortalidade por covid, que parece não escolher estação do ano para fazer vítimas.
Além disso, conforme pode ler acima, ao estudo noticiado o ZAP acrescentou a sua própria comparação do racio de mortes por mil casos no dia 22 de julho, 31 de janeiro e 22 de julho de 2020.
E esse racio é simples: por cada 1000 casos registados, morreram 4 pessoas a 22 de julho, 20 pessoas a 22 de julho do ano passado, e 32 pessoas a 31 de janeiro.
Não sabemos exatamente que “ideia” é que acha que está a ser vendida, mas podíamos perguntar-lhe qual foi a que comprou.