Os fósseis encontrados podem dar informações novas sobre como o desenvolvimento das novas espécies descobertas se compara com as espécies modernas semelhantes.
Era mais um dia normal na vida dos crustáceos e vermes que viviam perto da cidade chinesa de Kunming. Tudo mudou quando uma avalanche de sedimentos soterrou milhares destas criaturas e as suas crias instantaneamente, transformando o viveiro num cemitério e até num local de extinção para algumas das espécies.
Os investigadores chamaram a este recém-descoberto sítio Haiyan Lagerstätte, ou “Depósito Haiyan”, em alemão. Lá, foram encontrados quase 2.800 fósseis de pelo menos 118 espécies diferentes, incluindo antepassados de insectos, crustáceos e vermes modernos, concluiu o estudo publicado em Junho na Nature Ecology and Evolution.
Esta descoberta data de há cerca de 518 milhões de anos, sendo um dos mais antigos e diversos fósseis alguma vez encontrados. 17 das espécies encontradas são novas para a ciência e mais de metade das amostras são de juvenis. Muitas das criaturas tinham também os seus tecidos moles surpreendentemente intactos e foram encontrados ovos.
Este pode ser um exemplo de um “paleo berçário”, ou seja, um habitat criado só para cuidar das crias.
“É incrível ver todos estes juvenis fossilizados. É algo que raramente vemos, especialmente de invertebrados com corpos moles”, afirmou Julien Kimmig, gestor do Museu e Galeria de Arte das Ciências da Terra e Minerais da Universidade Estadual da Pennsylvania, no comunicado da instituição.
O paleobiólogo Xianfeng Yang, da Universidade de Yunnan, na China, liderou a equipa de investigadores chineses que recolheu os fósseis e mediu os espécimes com Julien Kimmig.
“O local preservou detalhes como olhos 3D, características que nunca tínhamos visto, especialmente em depósitos tão iniciais“, afirma Sara Kimmig, professora de investigação assistente no Instituto da Terra e Sistemas Ambientais na Universidade Estadual da Pennsylvania.
Os cientistas podem usar as características 3D e reconstruir os animais. De acordo com os investigadores, assim será possível extrair mais informação dos fósseis e estudar o desenvolvimento destes animais de larvas até adultos.
“Vamos ver como as diferentes partes do corpo cresceram com o tempo, algo que actualmente não sabemos para a maioria destes grupos. Estes fósseis vão dar-nos mais informação sobre as suas relações com os animais modernos”, acrescenta Julien Kimmig.
“Vamos ver se a forma como estes animais se desenvolvem hoje é parecida com como se desenvolviam há 500 milhões de anos”, conclui o investigador.