Biden e Putin reúnem-se em Genebra em busca de relação “estável e previsível”

Olivier Hoslet / EPA

Joe Biden na cimeira da Nato, em Bruxelas

A Ucrânia, a Bielorrússia, o destino do opositor russo detido Alexei Navalny, e os ciberataques são os temas da cimeira e o debate prevê-se áspero e difícil.

A cimeira vai decorrer na cidade suíça de Genebra e será o ponto culminante da primeira deslocação de Biden à Europa, num momento em que se acentuaram as tensões entre a Rússia e o Ocidente.

Após participar nas cimeiras do G7, da NATO e com a União Europeia, Biden está munido de novos argumentos, em particular após a reunião de segunda-feira com os aliados e na qual a Rússia e a China foram apontados como “desafios sistemáticos à ordem internacional”.

A abordagem de Biden face à Rússia assinala uma rutura com a protagonizada pelo seu antecessor Donald Trump. A única cimeira que mantiveram, em julho de 2018 em Helsínquia, ficou assinalada pela recusa de Trump em legitimar as conclusões das agências de informações norte-americanas e quando Putin continuava a negar interferência russa nas presidenciais realizadas dois anos antes.

A Presidência norte-americana optou agora por fornecer poucos detalhes sobre o encontro a dois, e apenas confirmou que, ao contrário do que sucedeu com Trump em 2018, não está prevista uma conferência de imprensa conjunta.

A Casa Branca tem alternado mensagens conciliadoras com advertências dirigidas à Rússia, e já admitiu que espera resultados modestos do encontro bilateral. O único objetivo avançado foi tornar as relações entre os dois países “mais estáveis e previsíveis”.

Biden tem insistido que pretende uma relação “previsível” com a Rússia e que pretende baixar a temperatura entre os dois países, assinalada em particular pelas divergências em torno da soberania da Ucrânia e a vaga de ciberataques.

Biden já frisou que pretende deixar claro a Vladimir Putin que as relações entre os Estados Unidos e os aliados na Europa “são firmes”, e deverá pressionar Putin para terminar com diversas “atuações provocatórias”, incluindo os ciberataques a empresas norte-americanas por “piratas” informáticos e alegadamente a partir de território na Rússia, a detenção do opositor Alexei Navalny ou ainda a suposta interferência do Kremlin nas eleições norte-americanas, que Putin já negou de forma categórica.

Numa confirmação da prevalência das tensões entre as suas potências, Moscovo voltou a acusar na semana passada do Estados Unidos de manterem a tensão no leste da Ucrânia, ao não exerceram a necessária influência para que o Governo de Kiev cumpra os acordos de Minsk, que implicaram uma trégua entre as forças ucranianas e os rebeldes russófonos e um roteiro político, há muito bloqueado.

A cimeira de Genebra vai implicar restrições aéreas entre terça-feira e quinta-feira nesta região da Suíça, e ainda o envio de uma força máxima de mil soldados do Exército nacional em apoio às forças da polícia, proteção civil e outros corpos dos cantões que já se encontram mobilizados.

// Lusa

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