Marcelo Rebelo de Sousa está na Guiné-Bissau na primeira visita de um chefe de Estado português ao país em mais de 30 anos. A população recebeu Marcelo em delírio, mas a visita está a causar polémica com acusações de que visa “branquear a acção do Governo de Bissau”.
O Presidente da República português chegou segunda-feira à noite a Bissau, tendo sido recebido por milhares de pessoas que o saudaram durante um percurso de oito quilómetros entre o aeroporto internacional Osvaldo Vieira e o centro da capital guineense.
Marcelo chegou a sair do carro, para acenar mais de perto às pessoas, e fez parte do percurso colocando-se de pé no veículo, de porta aberta, para saudar a multidão.
Entre a população chegaram a ouvir-se gritos de apoio a Portugal e entre as bandeiras da Guiné havia também algumas bandeiras portuguesas.
Mas a visita está a ser menos saudada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o maior partido da oposição no país, que considera que Marcelo está a contribuir para branquear a acção do Governo de Bissau desde que chegou ao poder.
“Não vem cá há anos. Vem agora porquê?”
A vice-presidente do PAIGC, Odete Semedo, contesta o motivo da visita e diz, em declarações à TSF, que “Marcelo Rebelo de Sousa deveria pensar um pouco nos países de Língua Portuguesa, especialmente a Guiné-Bissau, porque não vem cá há anos”. “Este é o segundo mandato dele. Vem agora porquê?“, questiona.
“Nós não estamos a dizer que Portugal é culpado [pela actual situação na Guiné-Bissau]”, “mas estamos a protestar contra um indivíduo que é um académico, que é um constitucionalista, que conhece as leis, que deve conhecer as políticas dos países africanos de Língua Portuguesa e que deveria, pelo menos, não branquear aquilo que está a acontecer hoje na Guiné-Bissau”, salienta Odete Semedo.
A vice-presidente do PAIGC nota que, nesta altura, “há pessoas a serem espancadas” e “a serem presas sem nenhuma culpa formada, em que homens fardados e armados violam e destroem equipamentos e instalações dos meios de comunicação social, em que se reprime as manifestações”.
Assim, considera que Marcelo “não conhece o que se passa” na Guiné.
O Presidente português vai ser recebido pelo seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, no Palácio Presidencial em Bissau, no segundo e último dia da sua visita oficial ao país.
Ana Gomes, ex-candidata à Presidência da República portuguesa, também criticou Marcelo pelo encontro com Embaló, considerando que o presidente da Guiné-Bissau é um “serventuário do terrorista Khadaffi, que nada melhorou as condições do povo, que persegue jornalistas e facilita a vida a traficantes de droga”.
Como forma de protesto, os deputados do PAIGC não vão marcar presença no encontro entre Marcelo e as bancadas parlamentares guineenses, nesta terça-feira.
Note-se que o PAIGC venceu as últimas eleições legislativas de 2019, mas foi relegado para a oposição.
“Talvez o futuro dirá verdadeiras razões desta visita”
Também o partido União para a Mudança (UM), igualmente na oposição, não vai participar no encontro com Marcelo.
O único deputado do UM com assento no Parlamento e presidente do partido, Agnelo Regalla, considera que não entende “as razões subjacentes desta visita, as reais e as verdadeiras razões desta visita”.
“Talvez o futuro nos dirá quais são os interesses que estão em jogo e a razão para tanta pressa para esta visita presidencial neste momento”, aponta Regalla em declarações à Lusa.
Fontes partidárias adiantaram à Lusa que a maioria de partidos do chamado espaço de concertação política, liderado pelo PAIGC, também não marcarão presença na sessão.
Agnelo Regalla entende que a visita de Marcelo “é inoportuna e surge aos olhos dos guineenses e da UM como uma tentativa de legitimação de um Presidente da República” que “não aceitou os ditames da Constituição da República e ser empossado como Presidente da República perante a Assembleia Nacional Popular”.
O líder da UM refere que Embaló “é um Presidente que não é legítimo”.
“Portugal quer abraçar todos os guineenses”
O Presidente português comentou as críticas que tem recebido, notando que espera que os contactos institucionais na Guiné-Bissau decorram num clima “o mais plural possível”.
Num discurso num hotel de Bissau, perante representantes da comunidade portuguesa, Marcelo afirmou que esta visita, bem como a do seu homólogo guineense a Belém recentemente, é sinal do “estreitamento das relações bilaterais” entre os dois países e “significa a vontade de ir mais além”.
Marcelo também revelou que fez “questão de aparecer pessoalmente a uma reunião em Belém em que eram recebidos manifestantes reticentes” quanto à sua visita, “para lhes explicar muito fraternalmente a razão de ser dessa visita”.
Apontando que é também um sinal do “pluralismo” e frisando que é também pelo “pluralismo na Assembleia [Nacional Popular da Guiné-Bissau]” que vai ter “oportunidade de encontrar representantes de várias formações de opinião política e de expressão política da vida guineense”.
“Portugal quer verdadeiramente abraçar todos os guineenses”, apontou ainda, frisando que a “amizade”, “cumplicidade” e “fraternidade” entre os dois países “é duradoura”.
“Não depende de quem é o Presidente português ou o Presidente guineense, de quem é o Governo português ou o Governo guineense, de quem é quem em cada momento histórico”, argumentou.
“Nós somos apenas protagonistas por um prazo limitado de uma relação muito mais profunda e muito mais longa. Temos de dar o nosso melhor para que essa relação se aprofunde, e tenha mais futuro do que presente e do que passado. E é possível, e é desejável, e é fundamental”, vincou também em jeito de resposta às críticas.
Homenagem aos heróis da independência e aos soldados da guerra colonial
A visita oficial à Guiné-Bissau prevê também a passagem de Marcelo pela Fortaleza Amura, também Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, para depositar coroas de flores nos túmulos de Amílcar Cabral e João Bernardo “Nino” Vieira, em homenagem aos heróis da luta pela independência.
O Presidente português também presta homenagem aos antigos combatentes portugueses da guerra colonial sepultados no cemitério de Bissau.
Na segunda-feira, o presidente da associação de deficientes de guerra, formada por guineenses que serviram o exército português, disse à Lusa que pretende apresentar a Marcelo um caderno reivindicativo que exige, entre vários pontos, a devolução da nacionalidade portuguesa aos ex-militares guineenses.
ZAP // Lusa
O PR, vai em representação de Portugal visitar um povo amigo – que deve estar a deixar um sério amargo de boca aos seus lideres, srjam eles qurm forem -, pois prova que o que os dois povos é mais do que política. O PR português não tem se ser instrumentalizado para a guerrilha e caos político da Guiné-Bissau, nem deve meter-se nesse assunto. Pois se entendem ter lutado pela independência que mostrem ao fim destes anos todos que não são um estado falhado, nem que foram apenas um joguete nas mãos da China, URSS e de Cuba! Quanto ao nosso PR, se fosse eu só prestaria homenagem aos soldados de Portugal, e nunca aos seus inimigos, mas há gente que se verga a tudo em nome do politicamente (in)correcto!
Como dizia o outro, isto da independência e de promessas de liberdade e democracia é tudo muito bonito.
Mas o que importa verdadeiramente é como vive o povo em geral . E nessa questão é inegável , que no caso deste País , bem como todos ou outros , ex províncias ultramarinas , o povo vivia muito melhor antes do que depois da independência .
Enfim , agora é só aguardar pelas comentários insultuosos e habituais de quem sem factos , não concorda …
O que entende por viver melhor? Náo haver africanos a morar em casas adequadas, contrariamente ao que se passa hoje? Não haver africanos com capital para investir em qualquer negócio, diferentemente do que se passa na atualidade? Não haver africanos com rendimento sificente para frequentar restaurantes, cafés, bares e similares coisa que hoje já não se verifica? Haver africanos que pela simples razão de discordarem destas desigualdades serem presos e torturados? Eu vivi lá, vi e sei o que se vivia lá, por isso não se pode ignorar.
É… Tem razão! Viviam bem melhor antes dos colonizadores portugueses lá chegarem!
Nem mais! Completamente de acordo. Eu se fosse a esses tipos teria vergonha, mas isso é coisas que não têm.
Este Marcelo deve ter bebido Tequila antes da viagem… por esse motivo, anda aí a representar aquilo que não é representável.
Ali as regras para o Covid são semelhantes às do Sporting
“mas a visita está a causar polémica com acusações de que visa “branquear a acção do Governo de Bissau”.” E é só esse o problema? “O Presidente da República português chegou segunda-feira à noite a Bissau, tendo sido recebido por milhares de pessoas” Um homem que pede sensatz ao povo, para se combater a pandemia, “promove” ajuntamento de milhares de pessoas. Criticou-se o ajuntamento imperdoável e einaceitável em Alvalade e, no entanto, ele provoca outro. É verdade que não é em portugal, mas… Não haverá pandemia no mundo inteiro? E o exemplo que ele dá? Será que o Marcelo está xéxé ou acha que só ele é que pode fazer o que quer? Que só ele é que pode ser insensato? E os orgãos de informação? “Marcelo recebido pelo multidão” e… ninguém diz que está mal. E normal. E a seguir fala-se de mais ajuntamentos ilegais… Quer dizer então que ajuntamentos ilegais são perigosos mas os legais não. Ok…
O PAIGC vir criticar a vinda do PR à Guiné – Bissau e condenar a situação atual que se vive no país não passa de uma farsa autêntica, alguma vez esse povo depois da “independência” viveu em paz e prosperidade sob a alçada do PAIGC? Se afirmarem que todos eles são corruptos e incompetentes, aí eu estarei plenamente de acordo. A melhor mostra de como aquele simples povo vive na miséria e na solidão foi a forma como aplaudiram o PR português e os vivas a Portugal. Veja-se atualmente o povo moçambicano a norte, atacados por terroristas a norte e a sul, os do norte são uma nova peste pior que a anterior do comunismo, os do sul ex-terroristas bem instalados na capital nunca se lembraram terem um povo e um país para se ocuparem do seu bem-estar.