A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou proibir a venda de cigarros eletrónicos a menores de idade, por considerar que o consumo acarreta “ameaças graves” para os adolescentes e fetos.
Os peritos aconselharam também proibir-se o consumo de cigarros eletrónicos em espaços públicos fechados, indicou um documentos publicado pela OMS.
“As provas existentes mostram” que os cigarros eletrónicos “não são simples vapor de água“, como argumentam frequentemente os fabricantes e o seu consumo em espaços públicos fechados deve ser proibido “a menos que seja provado que esse vapor exalado não é perigoso para quem está mais próximo”, afirmou.
De acordo com a OMS, existem provas suficientes para fazer uma advertência para “crianças, adolescentes, grávidas e mulheres em idade fértil” relativa às consequências a longo prazo que pode ter o consumo do cigarro eletrónico no “desenvolvimento do cérebro”.
Estas recomendações foram publicadas pela organização no âmbito da sexta sessão da conferência das partes signatárias da Convenção-Quadro da OMS sobre o Controlo do Tabaco, que vai decorrer de 13 a 18 de outubro, em Moscovo.
A moda dos cigarros eletrónicos
O cigarro eletrónico é um equipamento que substitui a combustão do tabaco e de outras substâncias pela queima de nicotina líquida, transformando-a em vapor. O fumador pode escolher o nível de concentração da substância e os ingredientes que quer misturar ao produto.
A OMS tem desaconselhado a utilização dos cigarros eletrónicos e, em Portugal, também a Sociedade de Pneumologia (SPP) tem alertado que não se conhecem os efeitos destes produtos na saúde.
No entanto, porque ainda não existem certezas sobre os malefícios do cigarro eletrónico, a discussão continua acesa: várias publicações médicas de prestígio, como o The British Medical Journal, anunciaram que deixarão de publicar os resultados de estudos sobre os e-cigarros, já que a grande maioria deles são financiados por empresas farmacêuticas e de tabaco.
Recomendação da OMS é importantíssima
A SPP considera “importantíssima” a recomendação da OMS, num momento em que Portugal tem ainda esta matéria por legislar.
“O cigarro eletrónico foi algo que surgiu num vazio de legislação”, disse à agência Lusa Ana Figueiredo, coordenadora da Comissão de Tabagismo da SPP.
Ana Figueiredo sustentou que os cigarros eletrónicos contêm nicotina, podendo por isso provocar dependência e o início do consumo de tabaco. “Tem todo o sentido que seja proibida a venda a menores”, defendeu a especialista, manifestando esperança que depois do período de férias seja retomada a discussão para criar legislação em Portugal.
“Neste momento, o problema dos cigarros eletrónicos é que não sabemos ainda os efeitos que têm ao nível da saúde. De qualquer forma, é uma substância que está a ser inalada e não é suposto inalarmos substâncias, sejam elas quais forem, ainda mais em criança”, disse.
A especialista afirma que é preciso haver estudos, que só agora começam a surgir, embora se saiba já que estes cigarros não contêm apenas vapor de água.
“O grande problema hoje em dia é que não se sabe exatamente como deve classificado o cigarro eletrónico, se como algo recreativo, se como uma terapêutica para substituição só para ser utilizada pelos fumadores ou se deve ser considerado um derivado do tabaco e seguir toda a legislação de venda e publicidade dos cigarros”, acrescentou.
Em junho, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, remeteu para depois do outono a nova legislação sobre tabaco, indicando então que Portugal aguardava por novidades legislativas a nível europeu.
ZAP / Lusa