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“Foi o crime do século“. Museu Britânico mostra o impacto do assassinato de Thomas Becket na Europa

Joseph Martin Kronheim / Wikimedia

Assassinato de Thomas Becket

Thomas Becket foi abatido dentro da Catedral de Cantuária por cavaleiros da comitiva do rei Henrique II. O assassinato, em 1170, causou ondas de choque em toda a Inglaterra. Agora, o religioso é recordado através de uma exposição no Museu Britânico.

A morte de Thomas Becket gerou grande controvérsia no país, mas o impacto do seu assassinato também se refletiu na Europa, e isso será agora demonstrado através de uma exposição que poderá ser vista pela primeira vez no Museu Britânico.

Becket foi uma das figuras mais poderosas do seu tempo, tendo sido conselheiro real e mais tarde arcebispo de Cantuária. Envolvido num conflito com Henrique II de Inglaterra, pelos direitos e privilégios da Igreja, Becket foi assassinado pelos seguidores do rei na Catedral de Cantuária.

“Não é exagero dizer que este foi o crime do século”, refere Naomi Speakman, uma das co-curadoras da exposição.

No entanto, Becket não era apenas um clérigo sénior, pois tinha várias ligações a governantes e figuras da Igreja em toda a Europa, incluindo o papa. Talvez por isso, refere Speakman, a sua morte tenha sido alvo de uma grande controvérsia, não só no seu país de origem, como nos vários cantos da Europa.

“O nosso principal objetivo era pegar no que é considerado uma história britânica insular e reorientá-la e dizer que se trata de uma história europeia”, explicou Lloyd de Beer, outro co-curador.

Segundo o The Guardian, duas das exposições mais marcantes são provenientes da Suécia e da Noruega, onde o culto a São Tomás de Cantuária rapidamente se estabeleceu após a sua morte trágica, embora também se tenha espalhado pela Europa continental.

Entre as peças que vão estar em exibição, está uma fonte dramática, feita duas décadas após a sua morte e que retrata o assassinato numa série de cenas vivas – incluindo uma imagem do rei a dar aos seus soldados instruções explícitas para matar Becket.

Durante 850 anos, a fonte esteve numa igreja paroquial rural na vila de Lyngsjö, no sul da Suécia. Embora os paroquianos de hoje em dia ainda batizem os seus filhos na antiga fonte, muitos mal conhecem a história de Becket.

A exposição de Londres vai também mostrar uma caixa de relicário de ouro de Hedalen, proveniente da Noruega, que também irá deixar a sua casa pela primeira vez.

A caixa, em forma de igreja montada por duas cabeças de dragão, retrata a adoração dos Magos e o assassinato de Becket – uma posição que ilustra o significado do martírio do santo na época.

O Museu Britânico também irá expor uma série de outros caixões de ouro e esmalte feitos em Limoges, França, para homenagear o santo.

De Beer sugere que a popularidade de Becket na época também é justificada nos dias de hoje, pois este “representa uma pessoa que se ergue contra a autoridade real. É uma figura extremamente atraente como santo e como defensor dos direitos da igreja, mas também como defensor do povo contra a tirania real“, sustenta o curador.

A exposição em homenagem dos 850 anos do assassinato de Becket vai poder ser visitada no Museu Britânico entre 20 de maio e 22 de agosto.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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