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Pela primeira vez em 10 anos, número de efetivos nas Forças Armadas subiu. A culpa é da pandemia

José Sena Goulão / Lusa

Pela primeira vez numa década, as Forças Armadas registaram um aumento do número de efetivos, em contraciclo com o decréscimo consecutivo que ocorria todos os anos, com a perda anual de um milhar de homens.

De acordo com o Jornal de Notícias, que avança esta segunda-feira dados da Direção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP), no final de dezembro, contavam-se entre as fileiras das Forças Armadas mais 662 militares do que em 2019.

Este fenómeno deve-se a três fatores: aumento de incorporações (3.054 no total, mais 771 do que em 2019), diminuição de saídas voluntárias (menos 1.189 do que no ano anterior) e prorrogação extraordinária de saídas aprovada pelo Governo (281 contratos foram prolongados).

No final do ano, as Forças Armadas contavam com 26.630 efetivos.

Para o Governo, isto deve-se a uma crescente atratividade da carreira. “Os sistemas de recrutamento conseguiram gerar o volume de candidaturas mais elevado dos últimos quatro anos e o terceiro mais alto da última década”, confirmou o Ministério da Defesa, realçando o papel do Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar e de outras políticas que têm sido implementadas.

Por sua vez, várias associações de militares atribuem o crescimento de efetivos à crise e ao desemprego provocados pela pandemia de covid-19.

“As pessoas que estão à procura de emprego têm o mercado fechado e veem nas Forças Armadas uma hipótese”, disse o tenente-coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, em declarações ao JN.

“Nos últimos 10 anos, as incorporações têm descido; há um ano de pandemia e sobem 700. Isto acontece porque não há alternativa e as pessoas, para terem emprego, vão para as Forças Armadas. Ou seja, é a pior razão de todas”, continuou.

A associação considerou que a carreira não é apelativa e lembrou que a petição para levar o tema do aumento salarial dos militares à Assembleia da República está prestes a atingir as 7.500 assinaturas. O objetivo da revisão salarial é atrair e reter militares nas fileiras, sobretudo na categoria de praças, já que o posto de soldado não vai além do salário mínimo.

Maria Campos, ZAP //

 

 

 

 

 

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