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Tamám Shud. Exumação de corpo pode resolver um estranho mistério com 70 anos

As autoridades da Austrália aprovaram uma exumação do corpo de Tamám Shud – ou “Homem de Somerton” – e, em breve, o mistério de 70 anos pode estar resolvido.

Em 30 de novembro de 1948, vários casais na praia de Somerton Park, em Adelaide, na Austrália, viram um homem desconhecido com um fato caído contra uma parede numa posição incomum. Os seus movimentos faziam parecer que estava bêbado, segundo um um casal que o testemunhou, enquanto outro casal acreditava que estava a dormir.

Na manhã seguinte, uma das testemunhas, chamado John Lyons, voltou à praia, onde encontrou o homem na mesma posição. Desta vez, Lyons inspecionou a cena mais de perto e percebeu que o misterioso homem estava morto.

A polícia determinou que tinha morrido nessa madrugada, pouco depois das 2h da manhã.

Encontrar um corpo numa praia não é incomum, mas, à medida que surgiam novos detalhes, o caso tornava-se cada vez mais estranho.

Em primeiro lugar, explica o IFLScience, o homem, que deveria estar na casa dos 40 anos, tinha sinais de envenenamento. O seu baço estava aumentado e o seu fígado inchado de sangue. No estômago, o patologista encontrou ainda mais sangue, sugerindo que havia sido envenenado.

No entanto, testes repetidos várias vezes não encontraram evidências de quaisquer venenos conhecidos.

O sangue acumulado na parte de trás da sua cabeça sugeria que o seu cadáver estava deitado de costas há algum tempo, antes de ser apoiado quando foi encontrado, com um cigarro encontrado no seu colarinho como se tivesse caído da sua boca.

As suas roupas também eram estranhas. Todas as etiquetas tinham sido cortadas cuidadosamente – exceto uma no bolso das calças, que foi cuidadosamente reparada com uma linha laranja incomum.

Além disso, não foi encontrado nada que pudesse identificar o homem.

Sem pistas, foi levada a cabo uma extensa busca pelos seus pertences em janeiro do mês seguinte, eventualmente encontrando uma mala. Dentro havia roupas, etiquetadas como Kean e T. Keane, bem como alguns outros objetos diversos e linha laranja que combinava com a linha usada para consertar as calças do homem.

A única pista extra na mala era um casaco costurado com um ponto de pena usado na América – mas não na Austrália -, embora isso também tenha levado a um beco sem saída quando tentaram identificá-lo usando os registos da imigração.

Em seguida, foi feito um reexame do corpo. O patologista John Cleland descobriu um pequeno bolso costurado na sua cintura, que continha um pequeno pedaço de papel com as palavras “Tamám Shud” – “acabou”, em persa – impresso numa caligrafia anormalmente sofisticada.

Esta palavras surgiam no final de um livro popular na época, o “Rubaiyat de Omar Khayyam”.

Sem outras pistas, a polícia procurou o livro de onde essas duas palavras tinham sido arrancadas, que apareceu em julho daquele mesmo ano. Um morador local encontrou a cópia no seu carro no mês de dezembro, que estava estacionado perto da praia de Somerton. Quando soube da campanha para encontrar o livro e verificou a página final.

Numa reviravolta final, encontrada em marcas fracas na página, estava um criptograma, que, até hoje, ainda não foi decifrado.

Mistério prestes a ser resolvido?

Agora, depois de anos de esforços de investigadores amadores e profissionais, o mundo pode estar perto de finalmente obter algumas respostas.

A Polícia da Austrália do Sul aprovou a exumação do corpo para encontrar respostas.

“Finalmente, este caso, que foi estudado, investigado e seguido durante mais de 70 anos, será reexaminado e, com sorte, muitas das questões que cercam a sua vida enigmática serão respondidas”, disse Vickie Chapman, a procuradora-geral que aprovou o exumação, em declarações à ABC News.

O ADN do corpo vai ser comparado a potenciais parentes vivos e bancos de dados genealógicos – embora a equipa que conduz os testes enfrente o desafio extra de que o cadáver tem mais de 70 anos e foi embalsamado, o que pode danificar o ADN.

O corpo foi lacrado com betão em caso de necessidade de exumação e será devolvido ao seu lugar de descanso após a realização dos testes.

Até 1978, flores eram deixadas no túmulo em intervalos estranhos, embora ninguém saiba por quem eram deixadas ou se tinham uma ligação pessoal com o homem desconhecido.

Ainda não está marcada a data para a exumação, mas deverá ser realizada no futuro próximo.

Maria Campos, ZAP //

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