“O árbitro não tem autoridade nenhuma porque não quer”, diz Jesus

Rodrigo Antunes / Lusa

O treinador encarnado considerou, esta quinta-feira, que os árbitros têm de ter mais autoridade e assumi-la para evitar as cenas de contestação que se têm verificado nos jogos da I Liga.

Questionado, em conferência de imprensa, sobre o que é preciso fazer para mudar o futebol português, Jorge Jesus defendeu que todos os agentes do futebol têm de melhorar, incluindo os treinadores, mas virou também o foco para a contestação às equipas de arbitragem.

Os árbitros têm de ter mais autoridade no jogo“, atirou o técnico, antes de concluir que “têm autoridade, mas têm de assumir-se mais” para controlarem as incidências da partida.

Ato contínuo, o técnico lembrou que no passado, no banco, “só o treinador é que podia falar”, enquanto hoje “toda a gente tem opinião e acha que deve interferir”, o mesmo que acontece no jogo, onde “só o capitão se podia dirigir ao árbitro e hoje todos os jogadores” o fazem.

“Ou seja, o árbitro, hoje, não tem autoridade nenhuma, porque não quer. Porque ele tem autoridade, mas não se quer assumir. Tem de se assumir, tem de se fazer uma reciclagem com quem de direito na arbitragem para dizer: vocês têm autoridade para impor as regras do jogo. E quem não quer, vai para a rua. Tão fácil como isto”, atirou.

O discurso de Jorge Jesus acontecia, também, no seguimento do seu comentário aos acontecimentos de domingo, após o encontro entre Moreirense e FC Porto, onde o técnico defendeu que “treinadores, árbitros e jogadores” têm de “olhar para o produto” que é o futebol e começar a pensar que este “é muito mais importante do que os interesses individuais”.

“E todos temos de abraçar essa causa, senão andamos sempre com estas situações que acontecem no futebol português. E eu, particularmente, gostava de contribuir para que isso não acontecesse”, frisou.

Mais tarde, em resposta a outra pergunta, o técnico voltaria ao tema para defender que é preciso “melhorar o produto, que é o futebol”, considerando que “é tão bem jogado em Portugal”, onde há “dos melhores jogadores e treinadores do mundo”.

“Estas situações fazem-me um bocadinho lembrar antigamente, quando víamos aqueles jogos do futebol sul-americano que acabava tudo à porrada e isso já não existe. E nós temos de começar a pensar e a caminhar todos com uma ideia em defesa do futebol, porque no fundo é isto que nos alimenta e faz com que cada um tenha a sua atividade profissional”, concluiu.

Recorde-se que, depois dos incidentes com a equipa de arbitragem no final do jogo em Moreira de Cónegos, Sérgio Conceição foi castigado com uma suspensão de 21 dias. Os dragões já anunciaram que vão recorrer.

Também esta quinta-feira, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol instaurou um processo disciplinar ao empresário Pedro Pinho por “alegadas agressões praticadas contra um jornalista” e suspendeu preventivamente o agente por 20 dias.

Depois, e após insistência do técnico, o encontro com o Tondela passou a dominar a conferência de imprensa, na qual Jesus revelou que ainda não poderá contar com os lesionados Taarabt e Jardel, além do castigado Otamendi.

No entanto, o técnico sugeriu que pode voltar a utilizar um esquema tático com três defesas centrais, uma vez que tem “toda a confiança para lançar no jogo” Morato, defesa central que trabalha diariamente às suas ordens, mas tem alinhado pela equipa B, na II Liga.

O Benfica visita esta sexta-feira o Tondela, em partida da 30.ª jornada, com início marcado para as 19h00, onde vai tentar vencer para colocar pressão sobre o FC Porto, segundo classificado, que só entra em campo, frente ao Famalicão, às 21h15.

Os encarnados seguem a quatro pontos dos dragões, quando faltam disputar cinco encontros, mas Jesus frisou que a sua equipa ainda acredita que tem “todas as possibilidades de recuperar”, apesar de reconhecer que “não tem mais crédito” e que, por isso, “com o Tondela, só os três pontos interessam“.

ZAP // Lusa

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