O projeto de um novo data centre em Sines prevê um investimento de até 3,5 mil milhões de euros, que criará até 1.200 postos de trabalho diretos altamente qualificados.
“Tem o potencial de ser o maior investimento estrangeiro captado pelo país desde a Autoeuropa”, disse Eurico Brilhante Dias em declarações à agência Lusa no âmbito da apresentação, na sexta-feira, do projeto de um megacentro de dados global a instalar em Sines pela empresa de capitais anglo-americanos start campus.
Segundo a empresa, em causa está um investimento de “até 3.500 milhões de euros” num ‘campus Hyperscaler Data Centre’, com capacidade até 450 Megawatts (MW), que “criará até 1.200 postos de trabalho diretos altamente qualificados e pode vir a gerar 8.000 novos empregos indiretos até 2025″.
Este será um dos maiores centros de dados da Europa, pretendendo dar resposta à crescente procura dos gigantes mundiais de tecnologia por serviços nas áreas de streaming, comércio eletrónico, redes sociais ou realização de videoconferências, escreve o Jornal Económico.
O secretário de Estado salientou que o projeto – denominado Sines 4.0 – “altera uma parte importante das características do investimento” que tem sido captado para Sines, dado o seu perfil de “transição digital e energética”.
“É um projeto de transição digital pelas oportunidades que os ‘data centres’ e a economia dos dados nos vão dar neste século XXI e, ao mesmo tempo, é de transição energética, porque cada vez mais quem investe procura localizações que possam ser abastecidas a partir de energias renováveis”, afirmou.
O governante destacou ainda o “enorme potencial de exportação de serviços” do investimento, classificado desde março como Projeto de Interesse Nacional (PIN) e cujo contrato de localização em Sines foi assinado com a AICEP Global Parques.
“Estamos a falar de um investimento que tem potencial – segundo informação da própria empresa – para ter aproximadamente entre 700 a 1.200 postos de trabalho e que tem, evidentemente, a possibilidade de sermos prestadores de serviços. Estamos, no essencial, a falar de um ‘data centre’ que, mais tarde, irá transacionar serviços com o exterior. Portanto é, ao mesmo tempo, um grande investimento estrangeiro com enorme potencial de exportação de serviços”, realçou.
Recordando que “o ano 2020 foi particularmente difícil para a economia mundial e, também, para a economia portuguesa, apesar do ‘stock’ de investimento direto estrangeiro ter aumentado em 2020 em Portugal”, Brilhante Dias destacou este projeto como “sem dúvida, o maior investimento estrangeiro que o país captou desde a Autoeuropa”.
O investimento da start campus – empresa detida pelos norte-americanos da Davidson Kempner Capital Management LP (Davidson Kempner) e pelos britânicos da Pioneer Point Partners – é apresentado na sexta-feira numa cerimónia em que participam o primeiro-ministro, António Costa, os ministros de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e ainda o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Santos Mendes.
“Os dados foram identificados como o novo ‘petróleo’ da economia digital e Portugal vai beneficiar deste grande investimento em Sines que vai colocar o país no centro da rede de dados transatlântica e global”, disse Sam Abboud, sócio fundador da Pioneer Point Partners, citado pela agência Reuters.
Com início de construção previsto para 2022, envolvendo 900 pessoas numa primeira fase e até 2.700 no total, o Sines 4.0 deverá inaugurar no final de 2023 o primeiro dos cinco edifícios projetados.
Num comunicado enviado à Lusa, a empresa anglo-americana aponta “pelo menos cinco grandes vantagens” que fazem de Sines uma localização “única e com potencial para se tornar num dos ‘campus’ de ‘data centres’ líderes da Europa”: Energia, escala, conectividade, arrefecimento e topografia marinha.
A nível energético, é destacada a disponibilidade de obter “energia de baixo custo a partir de fontes renováveis, através de muito boa conectividade com a rede elétrica nacional e com fácil acesso a energia verde competitiva, incluindo solar, eólica e (no futuro) de hidrogénio”.
Outros dois “fatores críticos de sucesso” de Sines são a “escala, com opções de terrenos e com potencial de expansão significativa para mais de 450 MW”, e a “conectividade, através dos cabos submarinos intercontinentais atualmente em construção” e da “excelente conectividade com o interior do continente europeu”.
A possibilidade de “arrefecimento a preço competitivo, altamente eficiente e sustentável” é outro “trunfo” do local. Através de instalações de refrigeração de água existentes, é possível usar a água do oceano para manter os servidores em temperaturas ideais e com potencial de reutilização do calor residual do Sines 4.0 para clientes industriais vizinhos.
Finalmente, os promotores salientam a “topografia marinha única da plataforma continental em Sines, que a torna numa excelente localização, com segurança e a baixo custo para a futura amarração de novos cabos submarinos”.
Daniel Costa, ZAP // Lusa
Será que passa o estudo de impacto ambiental?
Como a ideia é usar a água do mar para arrefecer os computadores isso vai aquecer a água na zona.
Isso já acontece há anos. A água na praia de S. Torpes, imediatamente a sul de Sines, é quente junto ao pontão devido a ser usada para arrefecimento. No entanto tem efetivamente zero impacto. Afasta-se 5 metros ou mergulha 1 metro e já é fria de novo.
Ora bem! Vai passar a haver tradição de caldeirada em Sines (no mar) semelhante à do cozido das Furnas (em terrra)!
Lá vêm vocês com as grandezas! 1200 postos de trabalho? Talvez 50 para os locais limparem as salas, os cagadoiros e a baba dos cães desses senhores e fazerem a comida, o resto serão só gente a falar inglês que se considerará numa colónia, pobres alentejanos.
No final, o termo “topografia marinha”, não será que queriam dizer “hidrografia” ?