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Destemida e aventureira. Com apenas 18 anos, Simone Segouin ajudou França a derrotar os nazis

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Simone Segouin

Quando tinha apenas 18 anos, Simone Segouin juntou-se à Resistência Francesa para capturar as tropas nazis, sabotar os planos alemães e lutar contra o fascismo no seu país.

Apesar de ter abandonado a escola bastante cedo, como parte da Resistência Francesa, a jovem recebeu uma educação diferente das outras meninas da sua idade. Segouin aprendeu a empunhar metralhadoras, descarrilar comboios, e mais tarde matou e capturou nazis, acabando por libertar a sua cidade natal.

Apesar de os livros de história estarem carregados de informações sobre a Segunda Guerra Mundial e os avanços nazis na Europa, os feitos de Segouin e dos seus camaradas não foram oficialmente registados.

Se não fosse a edição de setembro de 1944 da revista LIFE, nenhuma das suas contribuições para o esforço de guerra teria sido lembrada, escreve o ATI.

A imagem da francesa a empunhar uma metralhadora dos alemães correu mundo graças a George Stevens, produtor de Hollywood na época alistado no exército americano.

Simone Segouin, ou melhor, Nicole Minet

Nascida a 3 de outubro de 1925, em Thivars, França, Segouin cresceu nos arredores de Chartres, a cerca de 80 quilómetros de Paris. A jovem foi criada em grande parte pelo pai, um condecorado veterano da Primeira Guerra Mundial.

Com a ascensão do fascismo na Europa e uma economia volátil, Segouin foi educada para se proteger a si aos seus três irmãos.

Quando Adolf Hitler assumiu o poder em 1933, Segouin tinha oito anos. Contudo, quando a Alemanha invadiu França, a família da jovem viu-se obrigada a abandonar a cidade onde viviam e acabou por abandonar a escola para sempre.

Em 1943, aos 17 anos, Segouin conheceu o tenente Roland Boursier, um ex-engenheiro que recrutava jovens para se juntarem à Resistência Francesa contra Hitler.

Rapidamente Segouin comprometeu-se a ajudar Boursier. O responsável ensinou-a a operar uma sub metralhadora alemã, Schmeisser MP-40, e atribui-lhe uma entidade falsa, passando a chamar-se Nicole Minet.

Contribuições históricas

Com o nome Nicole Minet, a jovem conseguiu lutar contra os alemães sem pôr em risco a sua família. Os novos documentos diziam que era de Dunquerque, que tinha acabado de ser bombardeada, tornando difícil de os verificar.

Com um novo nome de guerra e treino com armas no seu currículo, o trabalho de Segouin contra os nazis estava pronto a iniciar-se.

A sua primeira tarefa foi roubar a bicicleta de um administrador alemão. As bicicletas eram a forma mais comum de as pessoas se locomoverem na França ocupada pelos nazis, já que estes reivindicaram todos os carros e os transportes públicos foram praticamente encerrados. Com uma bicicleta, Segouin podia viajar livremente.

O novo veículo também lhe permitiu entregar com eficiência mensagens de esconderijos, que o grupo estabeleceu na cidade. A própria casa de Segouin tornou-se um centro para discutir as operações.

Nesta altura, o seu trabalho e dedicação começaram a ser notados, mas ainda havia muito a fazer.

Durante um acampamento à beira de uma estrada, em 14 de julho de 1944, a jovem e dois dos seus camaradas avistaram dois soldados nazistas que se aproximaram em bicicletas. Segouin e os companheiros não hesitaram e acabaram por matar os invasores. A sua coragem e sangue frio acabaram por marcar a sua participação na guerra.

Posteriormente, Segouin recebeu a Croix de Guerre, uma homenagem francesa, pela sua ajuda na libertação de Paris, dois dias após a libertação de Chartres.

Os últimos anos de Segouin foram menos perigosos, embora o seu serviço nunca tenha cessado.

A jovem nunca casou com o grande amor dos tempos da resistência, Roland Boursier, mas tiveram seis filhos. Graças a figuras femininas como esta, o general De Gaulle não hesitou em dar o voto às francesas assim que a Segunda Guerra Mundial terminou.

Em 2016, Segouin também foi reconhecida pela organização de caridade britânica Soldiering On. Na época, a francesa vivia num asilo de idosos e aceitou a homenagem, relembrando a libertação de Paris.

No ano passado, o jornal britânico Daily Mail descobriu Simone com a viver em Courville-sur-Eure, onde deram o seu o nome a uma rua.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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