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Site chinês “apaga” mulheres que não querem casar ou ter relações com homens

Vários grupos de feministas com ideias mais radicais começaram a ser bloqueados de um dos sites mais influentes na China.

Num país conhecido pelo seu regime ditatorial e conservador, um grupo de mulheres uniu-se para lutar contra o patriarcado. Como? Prometendo nunca ter relações sexuais com homens ou vir a casar com eles.

Durante anos, as suas intenções até chegaram a ser discutidas com toda a liberdade no Douban, um site chinês que permite aos seus utilizadores conversarem sobre coisas como filmes e livros. Mas, segundo a empresa de media Vice, esses tempos podem ter chegado ao fim.

Esta semana, de forma repentina e sem aviso, vários grupos feministas populares neste site foram fechados. Muitos deles tinham membros do chamado “6B4T”, uma ideia com origens no movimento feminista radical da Coreia do Sul que rejeita o sexo heterossexual, o casamento heterossexual e filhos.

Graças a algumas capturas de ecrã partilhadas online, é possível ver que o Douban informou os administradores destes grupos que os fóruns continham “extremismo, políticas radicais e ideologias”. E, a partir de agora, todos os utilizadores também estão proibidos de partilhar o termo “6B4T” no feed de mensagens públicas do site.

Segundo a Vice, apesar de estas ideias radicais nem terem assim tanta força entre as mulheres chinesas, a verdade é que o encerramento dos grupos está a gerar protestos entre a comunidade.

No Weibo, uma das redes sociais mais populares na China, utilizadoras defendem que, apesar de não concordarem com as suas ideias, estas feministas mais radicais têm o direito de se expressar e de serem ouvidas.

Em declarações à empresa de media, Kailing Xie, investigadora sobre questões de género e política da Universidade de Warwick, no Reino Unido, explicou que, embora as autoridades chinesas sempre tenham considerado estes movimentos feministas como triviais e menos ameaçadores do que outros tipos de ativismo, agora, as vozes que começam a crescer entre mulheres mais jovens e com estudos levou-as a ter outro tipo de escrutínio.

“O modelo de governo da China ainda depende muito dos casamentos heterossexuais como sendo os estabilizadores. Estes grupos feministas, especialmente os que são contra o casamento ou a natalidade, estão a tocar num ponto sensível desta estrutura governamental”, declarou.

Recorde-se que, ainda recentemente, entrou em vigor no país uma lei que dificulta o processo de divórcio. A nova legislação exige que os casais chineses participem num período de “reflexão” de 30 dias antes de fazerem o pedido oficial de divórcio.

ZAP //

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