Um galês está a tentar encontrar os dois irlandeses que, nos anos 60, o ajudaram a regressar a casa, a partir da Austrália, fechado numa caixa dentro de um avião.
Corria o ano de 1965 quando Brian Robson, natural de Cardiff, no País de Gales, mas a trabalhar na Victorian Railways, na Austrália, ficou com saudades de casa. Na altura, com apenas 19 anos, o jovem não tinha dinheiro para pagar o bilhete de avião, que custaria cerca de 700 libras (cerca de 800 euros).
Por isso, o galês teve uma ideia fora da caixa ou, neste caso, dentro dela, literalmente. Segundo conta o jornal The Guardian, Robson decidiu comprar um pequeno caixote de madeira, no qual poderia ser enviado como carga, sem que ninguém o descobrisse.
Na caixa, que tinha o tamanho de um mini frigorífico, o inglês colocou, entre outros objetos, almofadas, uma mala, um livro de canções dos Beatles e duas garrafas (uma com água e outra para a urina).
Agora, quase 60 anos depois, Robson está a tentar encontrar os dois irlandeses, que só conhecia pelos nomes Paul e John, que o ajudaram a ir para a frente com a ideia. Foi esta a dupla que o fechou dentro da caixa que foi colocada num voo da Qantas a partir de Melbourne e com destino a Londres.
“A última vez que falei com o John e o Paul foi quando um deles bateu na parte lateral da caixa e me perguntou ‘Estás bem?’. Eu respondi ‘sim’ e eles responderam-me com um ‘boa sorte’. Adoraria vê-los outra vez”, recordou à cadeia televisiva CNN.
Só que, como escreve o jornal britânico, o plano não correu como planeado. O voo em questão estava cheio e, por isso, a caixa foi transferida para um outro voo da PanAm, que levou o galês para Los Angeles. Em território americano, Robson acabou por ser descoberto por funcionários aduaneiros e foi depois interrogado pelo FBI.
Depois do interrogatório, o britânico teve a sorte de não ser levado à justiça, nem nos Estados Unidos nem na Austrália, tendo sido mandado de volta para casa num novo voo com destino a Londres (e, desta vez, sem ser numa caixa).
Com 75 anos, o britânico admite que foi um plano “estúpido” e que acabou por se revelar uma “experiência horrível”. A jornada até casa durou quatro dias e em grande parte do tempo esteve armazenado de cabeça para baixo.
“A dor era insuportável. Não conseguia respirar direito e já estava a perder a consciência”, recordou também à CNN, acrescentando que começou a ter pesadelos extremamente vívidos e que já não conseguia distinguir o que era real do que não era.
Quando chegou a Londres, tinha jornalistas e câmaras de televisão à sua espera no aeroporto. “A minha família estava feliz por me ver mas, ao mesmo tempo, não estava feliz com o que tinha feito”, relembrou.
“Se os meus filhos tentassem fazer isto, matava-os. Mas pronto, era uma época totalmente diferente”, admitiu Robson, que escreveu um livro sobre este episódio da sua vida, chamado “The Crate Escape”, que vai ser lançado em breve e cuja história também está a ser desenvolvida para o cinema.