/

Tramado por uma turfeira. Homem confessa assassinato, mas corpo encontrado tinha 1600 anos

O que tinha tudo para ser um casamento feliz, acabou em tragédia. Num estranho caso em que uma simples planta ditou o desfecho de uma investigação criminal.

Em 1959, a retratista e entusiasta de viagens Malika de Fernandez conheceu o homem que se viria a tornar o seu marido. Em apenas duas horas, Peter Reyn-Bardt pediu que esta se casasse com ele e a resposta foi positiva. Em quatro dias, o casal casou-se.

Poucos meses depois, o casamento acabou e Malika voltou a viajar pelo mundo. Já Reyn-Bardt permaneceu na sua casa em Cheshire, em Inglaterra.

Dois anos depois da separação, Malika desapareceu completamente e Reyn-Bardt tornou-se o principal suspeito.

Apesar das buscas na sua propriedade – que incluíram investigações no seu jardim – a polícia não conseguiu encontrar nenhuma evidência do corpo de Malika.

Assim, o caso permaneceu sem pistas durante duas décadas, altura em que um acontecimento fez com que o mistério tivesse uma estranha reviravolta: foram encontrados restos mortais dentro de um pântano perto da casa de Reyn-Bardt.

Perante o sucedido, a falta de conhecimento de Reyn-Bardt sobre turfeiras pode ter determinado a sua condenação pelo assassinato da sua ex-mulher.

Segundo o IFL Science, a turfa é criada através da decomposição de matéria orgânica, principalmente de materiais vegetais, como o musgo.

Quando o musgo esfagno, em particular, se acumula o suficiente para formar um pântano, as camadas de turfa formam ácidos que são muito bons na preservação de corpos.

Se Reyn-Bardt soubesse disso, talvez não tivesse confessado que matou a esposa quando os restos mortais foram encontrados.

Depois da cabeça de uma desconhecida ser encontrada no pântano, as autoridades forenses inicialmente acreditaram que a mulher teria entre 30 e 50 anos e, como tal, confrontaram Reyn-Bardt com as evidências, acreditando que estavam relacionadas com o desaparecimento de Malika.

Perante as evidências, Reyn-Bardt acabou por assumir que matou a ex-mulher. “Já passou tanto tempo que pensei que nunca seria descoberto”, disse à polícia durante o interrogatório.

O homem acabou por revelar que durante uma discussão com Malika, acabou por se enervar e matou-a. “Algo ferveu dentro de mim”, referiu Reyn-Bardt, que contou que quando percebeu que tinha morto a ex-mulher ficou “apavorado” e não conseguiu pensar com clareza, sendo que a única coisa que lhe veio à cabeça foi esconder o corpo.

Reyn-Bardt assumiu que desmembrou o corpo com um machado, antes de tentar queimá-la, mas como não conseguiu, levou os restos mortais para o pântano.

O caso parecia estar encerrado, mas o investigador principal, o detetive George Abbott, estava intrigado com um detalhe: se esta era a cabeça de Malika, onde estavam os outros restos mortais? Em dúvida, o investigador enviou o crânio para uma análise mais aprofundada na Universidade de Oxford, e foi aí que se descobriu que este datava da época dos romanos.

“O crânio foi preservado nas turfeiras durante mais de 16 séculos e obviamente não tem nada a ver com Malika Reyn-Bardt”, referiu o promotor Martin Thomas ao tribunal. “Porém, a ironia é esta: a sua descoberta levou diretamente à prisão do réu e à sua confissão detalhada”, acrescentou.

Quando Reyn-Bardt soube da verdadeira história por trás do crânio encontrado, tentou retirar a sua confissão, mas foi tarde demais.

Até hoje, o corpo de Malika de Fernandez ainda não foi encontrado.

Ana Isabel Moura, ZAP //

 

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.