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Cefalópodes podem ser 30 milhões de anos mais antigos do que se pensava

Gregor Austermann / Communications Biology

Os fósseis encontrados na Península de Avalon, no Canadá

Um novo estudo sugere que os cefalópodes – a classe de moluscos marinhos a que pertencem os polvos, as lulas e os chocos – podem ter existido na Terra 30 milhões de anos antes do que se pensava.

De acordo com o site Science Alert, a chave desta nova investigação foi a descoberta de vários fósseis em forma de cone, com 522 milhões de anos, na Península de Avalon, no Canadá. Os fósseis apresentam determinadas características que mostram que podem ser classificados como cefalópodes.

“Se realmente forem cefalópodes, teríamos de retroceder a origem desta classe de animais para o início do período Cambriano”, explica a geocientista Anne Hildenbrand, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e uma das autoras do estudo publicado, a 23 de março, na revista científica Communications Biology.

“Isto significaria que os cefalópodes surgiram bem no início da evolução dos organismos multicelulares, durante a Explosão Cambriana”, acrescenta a investigadora.

Até agora, pensava-se que os primeiros cefalópodes alguma vez conhecidos pertenciam à espécie Plectronoceras cambria: minúsculos moluscos com conchas em forma de cone que viveram no final do período Cambriano, há cerca de 490 milhões de anos.

Embora o que se sabe da anatomia do P. cambria se baseie em fósseis incompletos, os novos fósseis descobertos são semelhantes o suficiente para sugerir uma conexão entre as duas espécies. Mas, ao mesmo tempo, são diferentes o suficiente para apoiar a hipótese de que milhões de anos de evolução podem separá-los.

Por exemplo, uma das características que os cientistas identificaram em várias conchas calcárias da Península de Avalon é a evidência de um sifúnculo, isto é, um tubo de tecido que ajuda, por exemplo, a esvaziar a água da concha e a controlar os níveis de azoto, oxigénio e dióxido de carbono.

No entanto, os sinais do sifúnculo não estão presentes em todos os fósseis recentemente encontrados e a sua posição é ligeiramente diferente de onde seria esperado. Foi depois de uma análise completa dessas semelhanças e diferenças que os investigadores se aperceberam que podem estar na presença de uma forma mais antiga de cefalópodes.

“A presença de um sifúnculo, de septos e de um anel de conexão são comummente considerados como características-chave para a distinção dos primeiros fósseis cefalópodes de outros organismos”, escreveram os autores do estudo no artigo científico.

“No entanto, alguns autores também atribuíram fósseis com concha sem essas características como cefalópodes”, acrescentam.

Os investigadores esperam, agora, que mais estudos e outras descobertas os possam ajudar a verificar as suas conclusões.

ZAP //

 

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