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O queijo mais perigoso do mundo é italiano (e é feito de larvas)

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É na ilha italiana da Sardenha, no limite do Mar Tirreno, que os pastores produzem casu marzu, um queijo infestado de larvas. Em 2009, o Recorde Mundial do Guinness proclamou-o como sendo o queijo mais perigoso do mundo.

As moscas-do-queijo – Piophila casei – colocam os seus ovos em fissuras que se formam no queijo, geralmente no fiore sardo, um queijo firme da ilha italiana da Sardenha, feito com leite de ovelha.

Desta forma, as larvas eclodem e abrem caminho através do queijo, digerindo proteínas no processo e transformando o produto num queijo cremoso e macio.

Em seguida, o produtor deverá abrir a tampa – quase intocada pelos vermes – para tirar uma colher do queijo cremoso e, nesse ponto, as larvas começam a contorcer-se. Alguns moradores mexem o queijo numa centrífuga para misturar os vermes com o queijo, outros preferem comê-lo ao natural.

O queijo tem um sabor intenso que lembra as pastagens mediterrânicas e picante com um gosto residual que dura horas.

Há quem diga que é um afrodisíaco, no entanto, muitos defendem que o queijo pode ser perigoso para a saúde humana, já que as larvas podem sobreviver à mastigação e criar miíase e microperfurações no intestino, mas até agora, segundo a CNN, nenhum caso desse tipo foi detetado.

Embora o queijo tenha sido banido da venda comercial, os habitantes da Sardenha continuam a comê-lo há vários séculos.

“A infestação de larvas é o encanto e o deleite deste queijo”, garante Paolo Solinas, um gastrónomo da Sardenha de 29 anos, à CNN.

O queijo casu marzu é registado como um produto tradicional da Sardenha, e por isso é protegido localmente.

Normalmente, casu marzu é produzido no final de junho, quando o leite de ovelha local começa a mudar, na mesma altura em que os animais entram no seu período reprodutivo e a erva seca com o calor.

Contudo, o queijo foi considerado ilegal pelo governo italiano a partir de 1962 devido às leis que proíbem o consumo de alimentos infetados por parasitas.

Todos os produtores que vendem o queijo podem enfrentar multas altas de até € 50.000, “mas os habitantes da Sardenha riem quando questionados sobre a proibição do seu amado queijo”, refere a CNN.

Roberto Flore, diretor do Skylab FoodLab da Sardenha, tem vindo a estudar o conceito de consumo de insetos. Ao longo de vários anos, o especialista liderou uma equipa de pesquisa que tentou descobrir formas de inserir estes animais na dieta.

Depois das suas pesquisas, Flore está certo de que a iguaria da Sardenha é segura para ser consumida, por isso espera que em breve o casu marzu deixe de ser ilegal e passe a ser  um símbolo da ilha.

Tantos os investigadores como a população aguardam ansiosamente que a União Europeia tome uma decisão a favor do queijo.

De recordar que em janeiro deste ano a União Europeia deu autorização à utilização de larvas na alimentação.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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