Afinal, não haveria gangues armados no cerco policial ao bairro de Santa Marta, no concelho do Seixal. Os disparos contra a polícia que motivaram uma mega-operação terão sido feitos por um homem alcoolizado do telhado da sua casa.
O cerco policial ao bairro de barracas do Seixal apareceu em todos os jornais e mereceu várias horas de emissão em directo na CMTV. A mega-operação da PSP indiciava que estaríamos perante perigosos gangues armados em confronto que até teriam disparado contra os agentes.
Mas a verdadeira história será, afinal, um pouco diferente.
A polícia começou por ser chamada ao bairro após um alerta para o 112 dando conta de “armas e agressões” e de que haveria “um grupo mais ou menos alargado” de pessoas envolvidas, como revela o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, o Intendente Nuno Carocha, em declarações ao programa “Rua Segura” da CMTV.
Quando chegaram ao bairro, os agentes da polícia foram recebidos a tiro e foi na sequência disso que se montou um forte aparato, com os moradores a serem impedidos de entrar ou de sair da zona e alguns deles evacuados das suas casas.
Os distúrbios terão começado com um homem alcoolizado a disparar “três tiros de caçadeira, do telhado de sua casa, contra um café onde estavam vários moradores”, como apurou o Jornal de Notícias (JN).
“Quando a polícia chegou, disse que estava a defender-se de encapuzados barricados na sua casa, o que desencadeou todo o aparato de segurança”, aponta o mesmo jornal.
Este homem, que foi o único detido durante a operação policial, será um emigrante acabado de regressar a Portugal após 15 anos em França.
Testemunhas ouvidas pelo jornal asseguram que este homem foi “o único a disparar” e que “não houve outros intervenientes”. Contudo, “poderá não ser exactamente assim”, aponta o Intendente Nuno Carocha na CMTV.
“Poderão existir suspeitos em fuga”
“Os contornos de toda a situação ainda não estão completamente delimitados”, salienta o porta-voz da PSP, frisando que “poderão existir suspeitos em fuga”.
Entre as dúvidas, a PSP tem a “certeza absoluta” da existência de “uma arma de fogo que foi utilizada e que ainda não foi encontrada”, como aponta Nuno Carocha. Assim, “não podemos excluir de todo os cenários”, constata.
Sobre os motivos que podem estar por trás de toda a situação, o Intendente refere que “o que terá acontecido poderá ser algo tão simples como algum desentendimento entre vizinhos por causa da ocupação de uma propriedade“.
Nuno Carocha dá a entender que o ex-emigrante detido já terá estado envolvido em outros pequenos “desentendimentos”, nomeadamente quando a polícia foi chamada por causa de “uma puxada de água que estaria a prejudicar alguns habitantes” que ficaram sem abastecimento.
O porta-voz da PSP repara que estes incidentes são típicos de uma zona com “características muito rudimentares” e com “muitas famílias num pequeno espaço”.
Contudo, Nuno Carocha também nota que esse “não é o único problema que existe no bairro” e que, portanto, não se descartam outras “hipóteses”.
A Polícia Judiciária está a investigar a situação.
Entretanto, o ex-emigrante detido, que foi libertado na terça-feira à noite, terá sido novamente levado pela polícia na manhã de quarta-feira. Ele terá sido algemado, após ter estado envolvido em mais desacatos.
O que acho curioso é haver tantos bairros da lata e prédios completamente degradados, onde habitam famílias inteiras, nesses municípios comunistas desde 1974. Mas lá falar muito do direito à habitação condigna, falam!