Falsos encapuzados e um homem alcoolizado no telhado (o novo filme do cerco policial no Seixal)

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José Sena Goulão / Lusa

Cerco policial ao bairro da Quinta das Lagoas, no Seixal.

Afinal, não haveria gangues armados no cerco policial ao bairro de Santa Marta, no concelho do Seixal. Os disparos contra a polícia que motivaram uma mega-operação terão sido feitos por um homem alcoolizado do telhado da sua casa.

O cerco policial ao bairro de barracas do Seixal apareceu em todos os jornais e mereceu várias horas de emissão em directo na CMTV. A mega-operação da PSP indiciava que estaríamos perante perigosos gangues armados em confronto que até teriam disparado contra os agentes.

Mas a verdadeira história será, afinal, um pouco diferente.

A polícia começou por ser chamada ao bairro após um alerta para o 112 dando conta de “armas e agressões” e de que haveria “um grupo mais ou menos alargado” de pessoas envolvidas, como revela o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, o Intendente Nuno Carocha, em declarações ao programa “Rua Segura” da CMTV.

Quando chegaram ao bairro, os agentes da polícia foram recebidos a tiro e foi na sequência disso que se montou um forte aparato, com os moradores a serem impedidos de entrar ou de sair da zona e alguns deles evacuados das suas casas.

Os distúrbios terão começado com um homem alcoolizado a disparar “três tiros de caçadeira, do telhado de sua casa, contra um café onde estavam vários moradores”, como apurou o Jornal de Notícias (JN).

“Quando a polícia chegou, disse que estava a defender-se de encapuzados barricados na sua casa, o que desencadeou todo o aparato de segurança”, aponta o mesmo jornal.

Este homem, que foi o único detido durante a operação policial, será um emigrante acabado de regressar a Portugal após 15 anos em França.

Testemunhas ouvidas pelo jornal asseguram que este homem foi “o único a disparar” e que “não houve outros intervenientes”. Contudo, “poderá não ser exactamente assim”, aponta o Intendente Nuno Carocha na CMTV.

“Poderão existir suspeitos em fuga”

“Os contornos de toda a situação ainda não estão completamente delimitados”, salienta o porta-voz da PSP, frisando que “poderão existir suspeitos em fuga”.

Entre as dúvidas, a PSP tem a “certeza absoluta” da existência de “uma arma de fogo que foi utilizada e que ainda não foi encontrada”, como aponta Nuno Carocha. Assim, “não podemos excluir de todo os cenários”, constata.

Sobre os motivos que podem estar por trás de toda a situação, o Intendente refere que “o que terá acontecido poderá ser algo tão simples como algum desentendimento entre vizinhos por causa da ocupação de uma propriedade“.

Nuno Carocha dá a entender que o ex-emigrante detido já terá estado envolvido em outros pequenos “desentendimentos”, nomeadamente quando a polícia foi chamada por causa de “uma puxada de água que estaria a prejudicar alguns habitantes” que ficaram sem abastecimento.

O porta-voz da PSP repara que estes incidentes são típicos de uma zona com “características muito rudimentares” e com “muitas famílias num pequeno espaço”.

Contudo, Nuno Carocha também nota que esse “não é o único problema que existe no bairro” e que, portanto, não se descartam outras “hipóteses”.

A Polícia Judiciária está a investigar a situação.

Entretanto, o ex-emigrante detido, que foi libertado na terça-feira à noite, terá sido novamente levado pela polícia na manhã de quarta-feira. Ele terá sido algemado, após ter estado envolvido em mais desacatos.

Susana Valente, ZAP //

1 Comment

  1. O que acho curioso é haver tantos bairros da lata e prédios completamente degradados, onde habitam famílias inteiras, nesses municípios comunistas desde 1974. Mas lá falar muito do direito à habitação condigna, falam!

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