O Conselho Nacional do CDS aprovou este sábado, por larga maioria, o regulamento autárquico do partido com 169 votos a favor, 6 contra e 28 abstenções, ainda que a reunião tenha ficado marcada, mais uma vez, por uma troca acesa de argumentos entre os conselheiros.
Depois de Francisco Rodrigues dos Santos ter avisado que é a direção do partido que tem a última palavra na escolha dos candidatos autárquicos, não faltaram críticas ao excesso de zelo da direção e à tentativa de afastar alguns nomes apontados pelas concelhias.
Contudo, um dos assuntos mais falados, segundo a Lusa, foi a possibilidade avançada pelo jornal Observador de a direção não indicar o líder da distrital e atual vereador na Câmara de Lisboa, João Gonçalves Pereira, para a coligação PSD/CDS à capital, mesmo depois de o seu nome ter sido aprovado pela concelhia, juntamente com Diogo Moura e Nuno Rocha Correia
O tema dominou grande parte da reunião deste sábado e levou a acusações de “saneamento político” e “purga” tecidas à direção de Francisco Rodrigues dos Santos.
Vários conselheiros, entre os quais Adolfo Mesquita Nunes e Telmo Correia, saíram em defesa de João Gonçalves Pereira, um dos três nomes indicados e com larga experiência autárquica na capital.
De acordo com conselheiros ouvidos pela Lusa, o antigo líder parlamentar centrista Nuno Magalhães referiu-se à situação como o “elefante na sala”, enquanto o atual presidente do grupo parlamentar, Telmo Correia, considerou que “não faz sentido” o afastamento de Gonçalves Pereira e defendeu que as autárquicas são “o momento das concelhias”.
Na quinta-feira, Gonçalves Pereira anunciou que no final de março vai deixar o lugar de deputado no parlamento para se dedicar “de corpo e alma ao combate local”.
Já do lado da direção centrista ouviu-se que no partido não há insubstituíveis. Na troca de argumentos, Francisco Rodrigues dos Santos avisou que não contam com ele para “transformar o debate autárquico numa discussão unipessoal”, tratando de lembrar que o partido tem regras: enquanto for presidente, garantiu, “não se vão discutir lugares à frente de valores e princípios”.
Lembrando que o regulamento autárquico do partido é taxativo e categórico sobre qual o papel das estruturas locais mas também da direção centrista, Rodrigues dos Santos deixou claro que não vai abdicar da parte que lhe toca.
O presidente centrista rejeitou as críticas de saneamento que considera “ofensivas” e “fantasiosas“.
Aos conselheiros, o líder do CDS garantiu que os nomes dos candidatos ainda não estão a ser discutidos, mas avisou que não se vai deixar enrolar em polémicas.
Por sua vez, presidente da mesa do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, que está envolvido nas conversações com o PSD em Lisboa, considerou que “a montanha pariu um rato” e pediu aos centristas que não estejam “nervosos” quanto aos lugares nas candidaturas autárquicas.
O Conselho Nacional do CDS-PP esteve reunido no sábado por videoconferência e à porta fechada durante mais de nove horas.
Ana Isabel Moura, ZAP // Lusa