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200 transações contra os “alhos e bugalhos”. Novo Banco responde às críticas “imprecisas” de Costa Pinto

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António Pedro Santos / Lusa

O Novo Banco enviou uma carta para a comissão parlamentar de inquérito que investiga as perdas da instituição financeira a contestar declarações de João Costa Pinto na audição de 10 de março.

O antigo governador do Banco de Portugal (BdP), João Costa Pinto, disse, numa audiência, que o banco central podia ter sido mais enérgico a supervisionar o BES, deixando críticas à “mistura” de créditos bons e maus nas operações de venda feitas pela atual gestão do banco.

“Quando se recorre a fundos, especializados, em média, a recuperar investimento em três anos, a ganhar por ano 15% a 20%, o que implica que a desvalorização de ativos não pode ser inferior a 50%”, as “perdas substanciais” são um dado adquirido, disse.

Numa carta enviada à comissão parlamentar de inquérito e assinada pelo CEO António Ramalho, à qual o jornal Público teve acesso, o Novo Banco enumera um conjunto de argumentos relacionados com a estratégia de venda de malparado em balanço, defendendo que o plano seguido tem como objetivo uma “gestão sã e prudente” e pedindo que a carta seja distribuída aos deputados para “evitar a valorização de opiniões imprecisas e totalmente desfasadas da realidade”.

O Novo Banco defende ainda que “a boa gestão bancária aconselha, desde há muito, a venda rápida de ativos não produtivos, de forma a não onerar o balanço dos bancos”, assinalando que “é isso que decorre também de todo o quadro regulatório aplicado aos bancos europeus”.

A instituição recorda ainda que o Regime Geral das Instituições de Crédito e do Sector Financeiro (RGICSF) determina que os bancos “não podem deter no seu balanço imóveis no contexto de operações de recuperação de crédito por período superior a dois anos”.

Além disso, lê-se na carta, os regulamentos da European Banking Association (EBA) não permitem um rácio de NPL’s acima de 5%, quando o Novo Banco tinha um rácio de 33% no final de 2016.

A carta cita ainda a reestruturação que o Novo Banco teve de empreender devido aos compromissos assumidos pelo Estado perante a Comissão Europeia. Assim, ficou definido um processo de reestruturação entre 2017 e 2020, “um quadro temporal muito preciso para a execução da sua reestruturação”, destaca a missiva.

O Novo Banco explicou que, para fazer uma gestão sã e prudente, vende “carteiras desse tipo de ativos não produtivos”, concluiu, acrescentando que esta é também uma prática dos seus concorrentes.

Segundo o semanário Expresso, António Ramalho compilou quase 200 operações de vendas de portefólios de ativos bancários, protagonizadas por bancos nacionais e espanhóis, para mostrar que o Novo Banco não foi o único a realizá-las.

“Compilámos a lista das transações realizadas na Península Ibérica nos últimos três anos, que somam 173 operações realizadas por 11 instituições portuguesas e 44 por instituições estrangeiras”, destacou o responsável na carta.

As operações feitas em Portugal desde 2017 alcançam um montante superior a 15 mil milhões de euros. Em Espanha, chegam aos 93 mil milhões.

Maria Campos, ZAP //

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5 Comments

  1. O Dr. António Ramalho desde que assumiu a presidência da Infraestruturas de Portugal que se tem revelado um dos piores vírus a atuar neste país. Vírus revestido, blindado pelo sistema onde muito bem se tem integrado. Presta-se à ação, como mais interessa às eminências pardas deste pobre país.
    Quando na entrevista que deu à RTP2 na véspera da formalização da IP, denotou a falta de capacidade e principalmente o desconhecimento que tinha do objetivo com que ia lidar. Mas foi e é no NB que a sua virusidade mais se tem manifestado. Impressiona como pode um país ter “gente” assim a esbanjar milhões dos impostos pagos por quem trabalha e a contribuir para um empobrecimento acentuado dos portugueses!

  2. Onde estamos e para onde vamos e um resultado de muita imaginacao e estes artistas so teem para ludibriar tolos e distraidos… fazem tudo errado, nunca cumprir com lei, ficam impunes…viva a republica, vida democracia…e isto democracia capitalista sem escrupulos, onde passam acima de tudo e de todos sem dar respostas claras e sem assumir responsabilidade….
    Como e possivel um individuo destes estar a frente de um instituicao e nao respeitar o minimo de regras da democracia e muito menos respeitar a constituicao…. ainda nao lhe tiraram o poder porque????

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