O Serviço Nacional de Saúde (SNS) nunca teve tantos profissionais como em janeiro deste ano, mas muitos dos novos trabalhadores estão contratados a prazo de forma precária.
Uma das consequências positivas da pandemia está relacionada com o aumento do número de contratações no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que atingiu um máximo absoluto em janeiro de 2021.
O Público cita os dados do Portal da Transparência do Ministério da Saúde que dão conta de que, em janeiro, o SNS tinha 147.075 trabalhadores, mais 9.889 do que no mesmo mês do ano passado.
De acordo com o diário, nunca o setor público da saúde teve tantos trabalhadores, entre médicos, enfermeiros e assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos de diagnóstico e terapêutica.
No entanto, segundo as contas da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, mais de 60% de todos os novos contratos correspondem a contratos a prazo.
“Não há dúvida de que entraram muitas pessoas”, disse o presidente da associação, Alexandre Lourenço. “O processo foi um pouco arbitrário, não obedeceu a grande planeamento, e os hospitais mais afetados foram os que contrataram mais. Uns terão aproveitado mais do que outros, que foram mais cautelosos, corremos o risco de ter criado mais assimetrias nos recursos humanos”, acrescentou.
Na enfermagem, o Público constata que “deixou mesmo de haver desemprego”. Em janeiro, dos cerca 80 mil profissionais inscritos na Ordem dos Enfermeiros, quase 49 mil estavam a trabalhar no SNS.
“Este reforço é normal, estávamos abaixo da média da OCDE. Mas só tivemos esta visão em ano de pandemia”, referiu a bastonária Ana Rita Cavaco, em declarações ao matutino.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) revelou que 1.833 enfermeiros, a maioria com contratos a prazo assinados entre agosto e dezembro do ano passado, estão agora em risco de ser dispensados.
Em situação idêntica estão muitos assistentes operacionais, que já estão a sair dos hospitais. Este foi o grupo que contou com mais contratações: em janeiro do ano passado contavam-se 27 mil assistentes operacionais e em janeiro de 2021 eram cerca de 30 mil.
Contudo, o Sindicato Independente dos Técnicos Auxiliares de Saúde explica que “este número é ilusório“, uma vez que “os auxiliares já faziam falta antes da pandemia”. “Continuamos a ter pessoas a fazer turnos duplos, de 16 horas.”