O secretário-geral do PCP recusou esta quinta-feira um acordo à esquerda nas autárquicas para a câmara de Lisboa, em resposta à aliança de direita, e admitiu que João Ferreira repita a candidatura pela CDU.
Questionado sobre se a aliança à direita, liderada pelo ex-comissário europeu Carlos Moedas, com PSD e CDS, iria alterar a estratégia dos comunistas, Jerónimo de Sousa afirmou que a coligação PCP-PEV já decidiu concorrer “tanto em Lisboa como no resto do país”.
“Não alterou a estratégia… não é o número que assusta”, afirmou o líder comunista aos jornalistas, à margem de um encontro com a Federação do Táxi, em Lisboa, e em que também não excluiu uma nova candidatura de João Ferreira, eurodeputado e vereador do PCP em Lisboa.
Com um sorriso e ironia, afirmou que “são muitos os sucedâneos do PSD e do CDS que andam aí em órbita e andam a formar essa grande coligação”.
Questionado sobre se João Ferreira é o comunista melhor colocado para encabeçar uma candidatura da CDU, o líder comunista reconheceu que sim e prometeu uma decisão definitiva em “poucas semanas”. “Daria um excelente candidato, como deu um excelente vereador”, afirmou.
“Eu estou quase a transmitir uma opinião pessoal, tendo em conta o trabalho que [João Ferreira] realizou num quadro muito exigente, quando também era deputado no Parlamento Europeu”, sublinhou Jerónimo de Sousa, em entrevista ao Diário de Notícias e TSF, destacando ainda “a obra, o trabalho, a intervenção e as propostas” que João Ferreira fez como vereador da câmara da capital.
“Pela sua ligação a Lisboa, pelo contributo que deu, mesmo neste mandato, continua a ser um potencial candidato à Câmara Municipal de Lisboa“, admitiu.
Esta posição, aliás, já tinha sido tomada pelo secretário-geral do PCP no final de janeiro, quando considerou que a candidatura às eleições presidenciais de João Ferreira “aguentou-se bem” e não excluiu que o eurodeputado venha a ser de novo candidato às autárquicas de Lisboa, no final do ano.
João Ferreira foi, sucessivamente, cabeça de lista às europeias em 2014 e 2019, candidato à câmara de Lisboa em 2017 e candidato apoiado pelo partido nas presidenciais de janeiro.
De resto, “quem decidirá são os eleitores” e o secretário-geral do PCP disse estar “confiante que a CDU vai conseguir afirmar as suas posições e reforçar os seus mandatos” nas autárquicas que, a manter-se o calendário, se deverão realizar em outubro.
Nas últimas autárquicas, em Lisboa, a CDU elegeu dois vereadores (João Ferreira e Carlos Moura), obtendo 9,55% de votos. A nível nacional, a CDU viu reduzir a esfera de influência autárquica e perdeu dez câmaras passando de 34 para 24 presidências.
O PCP já concorreu em aliança com o PS e outros partidos de esquerda à câmara de Lisboa nas autárquicas de 1989, que deram a vitória a Jorge Sampaio, reeditando-a nos anos seguintes.
ZAP // Lusa
O ‘jirónimo’ quer atirar com o Ferreira para as calendas! Em Lisboa, o fulano certamente nem a vereador chega.