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Descoberta nova relação entre a biodiversidade dos animais e das florestas

Uma análise ao registo de imagens de 15 reservas de vida selvagem em florestas tropicais revelou uma relação até então desconhecida entre a biodiversidade de vários mamíferos e as florestas em que vivem.

As florestas tropicais albergam metade das espécies do mundo, mas com estas a entrarem em vias de extinção a um ritmo acelerado, é difícil para os investigadores acompanhar de perto a saúde geral dos ecossistemas, mesmo em locais onde a vida selvagem é protegida. Os cientistas descobriram que os dados observados através de registos fotográficos podiam ajudar.

“Os ecossistemas da floresta tropical são extremamente diversos, e o nosso estudo mostra que as comunidades de mamíferos nas florestas podem ser previsivelmente diferentes, e essas diferenças podem ser controladas, em parte, por diferenças na produtividade das plantas nas florestas”, disse Daniel Gorczynski, autor do estudo publicado no jornal Proceedings of the Royal Society B a 17 de fevereiro de 2021

Gorczynski e os outros autores, analisaram imagens da Rede de Avaliação e Monitorização de Ecologia Tropical (TEAM), que usa câmaras ativadas por movimento para controlar as tendências de espécies que habitam em florestas tropicais na Ásia, África e América do Sul.

“Descobrimos que espécies com características únicas – ou seja, que são muito grandes ou comem alimentos muito restritos – são relativamente mais comuns em florestas com alta produtividade”, disse Gorczynski, referindo-se à medida que os ecologistas usam para caracterizar a taxa geral de crescimento das plantas dentro de uma floresta.

“Acredita-se que a produtividade mais alta torna os recursos raros – como é o caso de certos tipos de alimentos que as espécies únicas frequentemente comem – mais prontamente disponíveis”, referiu, acrescentando que como “são únicas, não precisam de competir com outras espécies por recursos raros e podem persistir em abundâncias maiores”.

Segundo o Phys, as espécies consideradas únicas variam de acordo com o local, sendo que alguns exemplos incluem elefantes, antas e macacos.

O especialista frisou que essa relação entre a diversidade funcional dos mamíferos e a produtividade das florestas nunca tinha sido revelada.

O co autor do estudo Jorge Ahumada, cientista de vida selvagem da Conservation International, referiu que o estudo também mostra que as atividades humanas destrutivas, como o desmatamento, diminuem a diversidade de características das espécies em zonas protegidas.

“Descobrimos que em zonas onde há uma grande tendência de extinção, esta se deve sobretudo ao desmatamento significativo ou à caça ilegal e os grandes carnívoros como leopardos e gatos dourados são os primeiros a morrer”, disse Ahumada.

O ecologista explica que “sem esses predadores, cadeias alimentares inteiras podem ser desequilibradas. Eventualmente, as populações de herbívoros menores vão disparar, forçando uma maior competição pelos mesmos recursos limitados”.

Os investigadores defendem são necessários mais estudos de ciência de dados para entender as ramificações das extinções de espécies locais e abordar outras questões fundamentais na conservação, ecologia e biologia da vida selvagem.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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