Um novo estudo associou a perceção de tempo ao suicídio. Os investigadores descobriram que muitas pessoas que se tentaram suicidar tinham uma noção de tempo alterada, o que pode ter exacerbado a sua angústia.
“Este projeto representa a sobreposição de dois assuntos que me fascinam”, começou por dizer o investigador Ricardo Cáceda, autor principal do estudo publicado, em novembro, na revista científica European Neuropsychopharmacology.
“O primeiro é o suicídio, e como e porque é que uma pessoa decide tirar a sua própria vida. Como médico, vejo como é que o suicídio pode devastar a vida das vítimas de suicídio e dos seus entes queridos, e tentamos usar as abordagens disponíveis para o evitar. O segundo assunto é o tempo, uma das dimensões que governam o nosso universo, e como é que os humanos são influenciados por ele, o percecionam e lhe dão sentido”, explicou, citado pelo PsyPost.
No estudo participaram 287 pessoas, 57 que se tinham tentado suicidar, 131 com pensamentos suicidas, 51 com depressão não-suicida e 48 indivíduos saudáveis.
Os investigadores descobriram que aqueles que tinham tentado o suicídio recentemente mostravam níveis elevados de impulsividade, em comparação com pacientes deprimidos sem comportamento suicida recente.
Os resultados do estudo sugerem que “o auge de uma crise suicida pode ser um estado dissociativo, desencadeado por uma dor psicológica avassaladora e caracterizado por uma perceção desacelerada do tempo”.
Mais concretamente, os participantes que se tentaram suicidar três horas após terem tomado essa decisão tendem a ter uma perceção mais lenta do tempo, em comparação com aqueles que esperaram mais tempo.
“A principal mensagem é que um número considerável de pessoas que tentam o suicídio fazem-no impulsivamente. Por exemplo, cerca de 50% dos indivíduos que tentam o suicídio fazem-no dentro de dez minutos após tomarem a decisão de se matar. Um segundo ponto é que durante uma crise suicida os indivíduos tendem a vivenciar o tempo muito lentamente, provavelmente contribuindo para o agravamento da experiência de sofrimento psicológico intenso”, disse Cáceda ao PsyPost.
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