O SEF costuma usar os tradutores de uma lista telefónica, “pedidos informais e não registados a outros inspetores do SEF que tenham alguns conhecimentos” na língua em causa, a ajuda a outros passageiros e até o tradutor do Google.
A entrada de Ihor Homenyuk em Portugal foi barrada, o que o levou a que fosse colocado no Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária até ser devolvido à Ucrânia. Na semana passada, o inspetor que fez a primeira entrevista à chegada, Augusto Costa, admitiu que usou o tradutor do Google para entrevistar o cidadão.
À TSF, a Associação dos Ucranianos em Portugal diz não compreender o uso pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) desta ferramenta de tradução automática, quando existem várias e melhores alternativas. Além disso, não compreende o motivo pelo qual Ihor não foi entrevistado numa segunda fase em russo.
Os inspetores do SEF concluíram que Ihor Homenyuk vinha trabalhar para Portugal sem o visto adequado. Se não for para trabalhar, os ucranianos podem entrar em Portugal com um simples passaporte, e o mesmo acontece para os portugueses que visitam a Ucrânia.
Neste caso específico, o inspetor Augusto Costa concluiu, através do Google, que Ihor vinha trabalhar, uma conclusão que foi mais tarde confirmada por uma segunda entrevista feita pelo SEF com o apoio de uma inspetora que falava russo – e que garantiu que o ucraniano falava o idioma de forma fluente.
Contudo, tanto o advogado da família, José Gaspar Schwalbach, como o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, garantem que Ihor Homenyuk não falava russo e que não vinha para trabalhar de imediato.
A intenção do ucraniano seria conhecer o país e perceber se existiriam condições para mais tarde trabalhar em Portugal, revelou o representante da associação à rádio.
Sobre o uso do Google Tradutor, Sadokha considera que o SEF devia ter contactado o consulado da Ucrânia ou uma das muitas associações de ucranianos que vivem em Portugal.
Além disso, salientou que o recurso ao russo na segunda entrevista não fez sentido, uma vez que russo e ucraniano são línguas da mesma família, mas com muitas diferenças.
A TSF teve acesso à investigação da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) à morte de Ihor. Nela, lê-se que quando o passageiro não fala inglês ou francês, o SEF costuma usar os tradutores de uma lista telefónica, mas também “pedidos informais e não registados a outros inspetores do SEF que tenham alguns conhecimentos” na língua em causa, a ajuda a outros passageiros ou o tradutor do Google.
Uma fonte ligada ao SEF confirmou o uso desta ferramenta apenas quando não há outra solução, garantindo ser impossível ter um tradutor de cada língua no aeroporto.
Essa foi a parte boa… o pior foi quando começaram a usar outro “tradutor”…