Diagnóstico errado ou enganos no tratamento de pacientes. Estas são algumas das reclamações analisadas pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) no segundo semestre de 2020, mas não termina aqui. A lista de recomendações e deliberações da ERS foi divulgada esta segunda-feira.
Segundo a ERS são vários os casos de negligência nos hospitais portugueses. De norte a sul do país as situações entre utentes são diferentes, mas igualmente graves.
Um dos casos reportado no relatório Entidade Reguladora da Saúde é o de uma menina de 12 anos que foi levada duas vezes ao serviço de urgência da Clínica CUF Almada, entre os dias 18 e 21 de Dezembro de 2019 não tendo sido realizado qualquer exame, sendo apenas prescrita medicação para as dores.
A criança acabou por morrer, no dia 22 de Dezembro de 2019, após ter sido encaminhada para o Hospital Garcia de Orta e ter sido diagnosticada uma alegada rutura do baço, recorda o Público.
O próprio Relatório do Processo Interno de Averiguações, conduzido pela Clínica CUF Almada concluiu que houve falhas na segunda vez que a criança foi às urgências.
“Atendendo ao facto de a dor referida se ter vindo a agravar progressivamente desde a observação três dias antes”, deveria ter sido feita a monitorização de sinais vitais e a investigação de causas graves, traumáticas, infecciosas, tumorais ou inflamatórias.
No entanto, o documento sublinha a impossibilidade de garantir que os exames teriam sido conclusivos. “Não podemos de modo peremptório afirmar que, se tivessem sido realizados mais exames, estes teriam sido conclusivos e que o desfecho fosse diferente”.
A ERS concluiu que a conduta da Clínica CUF Almada não garantiu os direitos e interesses legítimos da criança, na medida em que não terá acautelado o seu devido acompanhamento, designadamente, “não lançando mão de todos os recursos disponíveis para uma cabal caracterização da etiologia dos sintomas manifestados pela utente”.
A ERS decidiu, assim, emitir uma instrução à Clínica CUF Almada com um conjunto de medidas, no sentido de garantir em permanência que na prestação de cuidados de saúde sejam respeitados os direitos e interesses legítimos dos utentes.
Outra reclamação à ERS prende-se com os procedimentos de atendimento em contexto de serviço de urgência. Como diz no relatório, há um outro caso em que também faltaram exames ao doente, mas desta vez visando a atuação da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM).
De acordo com a reclamação, uma mulher contou que o marido deu entrada no Serviço de Urgência (SU), no dia 2 de Fevereiro de 2019, com sintomas de dor de cabeça e perda de movimento do lado esquerdo.
Mesmo assim, a médica que observou o utente realizou análises à urina e deu alta ao mesmo “por alegar que o utente estava drogado”. No mesmo dia o utente voltou às urgências, tendo sido atendido pela mesma médica, que se negou a realizar mais exames por “estar drogado ou alcoolizado”. Posteriormente, no dia 4 de Fevereiro, o utente foi visto por um neurologista, tendo-lhe sido diagnosticado um AVC.
A ERS concluiu que a “este doente não foram prestados os cuidados a que tinha direito, num hospital do SNS, com grave prejuízo da sua saúde, porque a médica que o atendeu presumiu, sozinha, um “diagnóstico” aquando da primeira vinda ao SU, que manteve na segunda vinda, apesar do agravamento da sintomatologia”.
Para a instituição há evidências de que “a conduta da ULSM, no que se refere aos procedimentos de triagem e posterior enquadramento do utente em Via Verde AVC, não foi suficiente para a salvaguarda dos legítimos interesses do mesmo”.
Entre várias recomendações, na instrução emitida à ULSM, a reguladora diz que este hospital ”deve garantir, em permanência, o respeito dos direitos dos utentes à prestação de cuidados de saúde de qualidade, assegurando a correta utilização do procedimento intra-hospitalar de ativação da Via Verde AVC, por forma a assegurar o acesso dos utentes aos cuidados de saúde em tempo clinicamente aceitável”.
Relativamente a procedimentos de identificação de cirurgia segura, uma das reclamações diz respeito a uma utente que devia ter sido operada ao pé direito e foi, por engano, operada ao esquerdo. O episódio teve lugar no Hospital da Prelada no Porto, a 19 de Fevereiro de 2019.
A Entidade Reguladora da Saúde refere que os procedimentos de verificação de segurança cirúrgica não foram corretamente seguidos pelo prestador e emitiu uma instrução para a correção destas falhas.
Entre as reclamações estão também casos de transferências de doentes para outros hospitais sem que os seus familiares tenham sido previamente informados, avança o JN.
Além disso, existem casos de reclamações de quedas, sobretudo de idosos, nos hospitais, trocas de medicação ou de relatórios clínicos, assim como de unidades de saúde que não estavam a cumprir as medidas de segurança e higiene contra a covid-19.
Isto é o que vem a público, fora o resto!
Normalmente, quando os problemas acontecem nos hospitais privados, só vem alguma coisa a público quando corre mesmo muito mal – como aconteceu nesse caso do CUF de Almada…
É mau para o negócio…
Essa poderá ser a metade da verdade, a outra, pertence ao serviço público, quem for lesado e não se bater pelos seus direitos, bem poderá aguardar pela solução lá no paraíso!