O Governo dos Estados Unidos (EUA) indicou na quarta-feira que está “profundamente perturbado” com as notícias de violação sistémica e outros abusos sexuais de mulheres em campos na região chinesa de Xinjiang, onde são mantidos muçulmanos uigures.
Estas declarações surgiram depois de, na quarta-feria, a BBC ter divulgado um relatório no qual foi revelado “um sistema organizado de violação em massa, abuso sexual e tortura” nos campos de Xinjiang, que a China afirma serem centros de treinamento vocacional, noticiou o Independent esta quinta-feira.
“Estamos profundamente perturbados com os relatos, incluindo testemunhos em primeira mão, de violação e abuso sexual sistemático contra mulheres em campos de internamento para uigures étnicos e outros muçulmanos em Xinjiang”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
“Essas atrocidades chocam a consciência e devem ter consequências graves”, indicou, apelando a investigações imediatas e independentes.
“A China representa o desafio mais significativo para nós de que qualquer outro país, mas é complicado. Temos que ser capazes de abordar a China a partir de uma posição de força, não de fraqueza”, disse ao MSNB o secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken.
Essa força “vem de ter alianças fortes, algo que a China não tem”, afirmou, realçando a importância das “instituições internacionais”. “Quando recuamos, a China entra, dita as regras e define as normas dessas instituições”, declarou, defendendo que os EUA devem defender os seus “valores quando a China os desafia, inclusive em Xinjiang, contra os uigures, ou na democracia em Hong Kong”.
A China rejeitou as acusações e disse que “o relatório da BBC sobre supostos abusos dos direitos das mulheres em Xinjiang não tem base factual”.
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, também exigiu uma investigação independente. “Esses últimos relatórios de tortura sistemática e abuso de mulheres são profundamente perturbadores e levantam sérias questões sobre o tratamento de uigures e outras minorias religiosas e étnicas em Xinjiang”, apontou.