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Misteriosos fósseis magnéticos oferecem pistas climáticas do passado

Courtney Wagner / Ioan Lascu / Kenneth Livi

Imagens de microscópio eletrónico de agulhas gigantes

Fósseis encontrados em antigos sedimentos marinhos, compostos por algumas nanopartículas magnéticas, podem revelar muitas informações sobre o clima do passado, especialmente sobre episódios de aquecimento global abrupto.

Courtney Wagner e Peter Lippert, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, encontraram uma forma de recolher informações nestes fósseis magnéticos sem ser necessário esmagar as escassas amostras num pó fino. O artigo científico foi recentemente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

O SciTechDaily explica que os magnetofósseis são fósseis de ferro bacteriano microscópico. Algumas bactérias produzem partículas magnéticas com 1/1000 da largura de um fio de cabelo que, quando reunidas numa corrente dentro da célula, agem como uma bússola em escala nanométrica.

Por sua vez, as bactérias, chamadas “bactérias magnetotáticas“, podem usar essa bússola para se alinhar ao campo magnético da Terra e viajar para as suas condições químicas favoritas na água.

Durante alguns períodos geológicos, nomeadamente o Eoceno – de 56 a 34 milhões de anos atrás -, alguns destes ímanes produzidos biologicamente cresceram até tamanhos muito grandes (cerca de 20 vezes o tamanho dos magnetofósseis comuns) e em formas exóticas (agulhas e pontas, por exemplo).

Ao longo do tempo, as bactérias usaram o seu supersentido magnético para encontrar os seus níveis preferidos de nutrientes e oxigénio na água do oceano. Como os magnetofósseis gigantes estão associados a períodos de rápida mudança climática e temperatura global elevada, podem dar muitas informações sobre as condições do oceano durante aquele aquecimento.

Até agora, a extração e a análise destes fósseis exigiam a fragmentação das amostras num pó fino para serem analisados em imagens de microscopia eletrónica.

Agora, a equipa encontrou uma nova forma de os estudar: a análise FORC (curva de reversão de primeira ordem), que investiga a reação de partículas magnéticas a campos magnéticos aplicados externamente, permitindo discriminar entre diferentes tipos de partículas de óxido de ferro sem as ver.

“A capacidade de encontrar rapidamente assembleias de magnetofósseis gigantes no registo geológico ajudará a identificar a origem desses magnetofósseis incomuns”, escreveram os investigadores.

Além disso, as informações contidas nos magnetofósseis ajudam os cientistas a entender como os oceanos responderam às mudanças climáticas do passado – e, consequentemente, como poderá o oceano atual responder ao aquecimento global.

Liliana Malainho, ZAP //

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