A maioria das rãs emite um coaxar característico como forma de atrair a atenção de um potencial parceiro. Contudo, algumas das espécies que “gritam” perto de riachos e cascatas aumentam o potencial de serem notadas, exibindo movimentos de mãos, pés e cabeça.
A ecologista Rebecca Brunner descobriu que a rã de vidro – Sachatamia orejuela – pode ser adicionada à lista de espécies que fazem uso de sinais visuais devido aos ambientes acústicos onde habitam. Esta é a primeira vez que um membro da família das rãs de vidro foi observado a usar comunicação visual.
“Várias outras espécies de sapos usam a sinalização visual para se comunicarem em ambientes mais barulhentos”, explicou Brunner, acrescentando que “o que é interessante é que estas espécies não estão intimamente relacionadas umas com as outras, o que significa que estes comportamentos provavelmente só evoluíram independentemente, e em resposta a ambientes semelhantes – um conceito chamado evolução convergente“.
As rãs de vidro são nativas das florestas tropicais do Equador e da Colômbia. Estes animais são especialmente únicos porque são exclusivamente encontrados em rochas e pedras dentro das zonas de pulverização de cascatas, onde a água corrente e as superfícies escorregadias oferecem alguma proteção contra possíveis predadores, tal como a sua cor cinza-esverdeada e a pele semi-transparente que os tornam quase impossíveis de observar.
Porém, estes aspeto camaleónico dos anfíbios nunca permitiu aos cientistas que percebessem mais sobre o seu comportamento de acasalamento e procriação, diz o Phys.
Brunner, que estuda a bioacústica de diferentes ambientes ecológicos, observou pela primeira vez este comportamento de sinalização visual. Assim que viu a rã a levantar repetidamente as patas dianteiras e traseiras, a bióloga subiu a uma rocha e conseguiu gravar o momento.
“Antes desta pesquisa, não havia nenhum registo oficial dos sinais de comunicação desta espécie”, assumiu a especialista, que acredita que observou ”algo especial”.
Enquanto Brunner filmava, o sapo continuou a balançar as mãos, os pés e a cabeça. A bióloga diz ainda que também observou outro macho a alguns metros de distância realizando os mesmos movimentos.
A investigadora realça que ”esta é uma descoberta estimulante porque é um exemplo perfeito de como a paisagem sonora de um ambiente pode influenciar as espécies que lá vivem”.
O estudo foi publicado na BRILL a 12 de novembro de 2020.