Em 1950, Glasgow, na Escócia, viu-se a braços com um surto de varíola e o cenário era muito semelhante ao que vivemos hoje: as autoridades sanitárias tentavam rastrear todos os contactos de pessoas portadoras do vírus, enquanto as filas daqueles que se queriam vacinar aumentavam nos centros de saúde.
Só no século XX, cerca de 300 milhões de pessoas morreram de varíola em todo o mundo. Em março de 1950, o surto voltou a ganhar força em Glasgow, depois de um marinheiro indiano ter chegado à Escócia já infetado.
Mussa Ali foi internado num hospital que tratava doenças infecciosas, com a suspeita de que tinha pneumonia e varicela. Depois de os especialistas terem chegado à conclusão de que o marinheiro estava, afinal, infetado com varíola, descobriram que havia sido a fonte de um surto da doença que acabou por infetar 19 pessoas e matar seis.
A história é contada pela BBC, que avança que nenhum dos infetados que acabou por falecer tinha sido vacinado contra a varíola. Com o receio das consequências de um possível surto, as autoridades de saúde pública do país começaram a agir, implementando medidas muito parecidas com as tomadas durante a atual pandemia de covid-19.
As visitas a pacientes internados foram proibidas em 200 hospitais e o sistema de rastreamento acabou por encontrar 1.971 contactos possíveis de pessoas possivelmente infetadas. Os contactos suspeitos foram levados para hospitais locais, mas o principal objetivo era vacinar a população o mais rápido possível.
Os centros de vacinação mais movimentados vacinavam cerca de 600 pessoas por hora. Nos primeiros 12 dias, foram imunizadas aproximadamente 250 mil pessoas em Glasgow e um total de 300 mil receberam a vacina quando o surto foi declarado extinto.
A 17 de abril, Glasgow foi declarada “fora de perigo”. Na altura, o chefe de saúde de Glasgow, o médico Stuart Laidlaw, disse ao The Scotsman que estava grato à população por ter “agido com muita sabedoria“.
O ato de aplaudir pacientes que receberam alta, assim como os profissionais de saúde, tem sido uma característica da atual pandemia. O mesmo aconteceu há sete décadas com Ali, que foi aplaudido fora do hospital depois de ter recuperado totalmente da doença.
No Reino Unido, os hospitais estão novamente sob pressão. Espera-se, agora, que o programa de vacinação seja rápido e combine a cooperação pública e a organização das autoridades, como aconteceu na Escócia, nos anos 1950.
Mais uma que não percebi… Então o homem responsável pelo surto que infectou 19 pessoas e matou 6, quando saiu do hospital ainda foi aplaudido?? Bolas, pensei que tivesse sido preso!!