O último boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios indica que Portugal está com excesso de mortalidade por todas as causas desde 26 de outubro.
Portugal está óbitos acima do esperado por todas as causas há dez semanas, desde 26 de outubro,. A conclusão surge no último boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios, divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) esta quinta-feira.
O boletim não adianta explicações, mas o facto de o número de óbitos por covid-19 não ter descido nas últimas semanas e continuar muito elevado constituirá a principal justificação para este fenómeno.
O Público dá conta de que, nesta última semana, não foram reportados casos de gripe pelos profissionais que colaboram com a rede de médicos sentinela, apesar de terem sido detetados casos de infeções respiratórias provocadas por outros vírus.
O boletim do Insa informa que está a aumentar a pressão sobre os cuidados de saúde primários. As consultas nos centros de saúde voltaram a crescer, com a maior pressão a verificar-se no Alentejo. É também nesta região que a taxa de mortalidade é mais elevada.
Alguns especialistas defendem que o excesso de mortalidade em Portugal se deve à quebra no acesso aos cuidados de saúde devido ao foco colocado nos casos de covid-19, enquanto outros defendem que se justificará com uma multiplicidade de fatores, que incluem uma onda de calor na Primavera e outra no Verão.
Os responsáveis da Direção-Geral da Saúde (DGS) têm alegado que só será possível explicar o fenómeno com rigor quando forem conhecidas as causas de morte, processo que só ficará concluído este ano.
Ana Paula Rodrigues, especialista do Insa citada pelo diário, adiantou que foram registados quatro picos no país desde o início da pandemia. O primeiro pico de mortalidade durou três semanas, de 22 de março e 12 de abril, durante a primeira vaga de covid-19. Nessa altura, houve um excesso de mortalidade de 1057 óbitos, 16% acima do esperado.
O segundo pico durou apenas uma semana (25 a 31 de maio) e provocou 363 mortes a mais; o terceiro foi mais prolongado (6 de julho a 2 de agosto) e representou 2199 mortes em excesso, 30% acima do esperado; e o quarto pico de mortalidade é o atual, que começou há mais de dois meses.