O ministro da Saúde britânico afirmou hoje que uma nova estirpe do novo coronavírus estava “fora de controlo”, para justificar as restrições em Londres e partes da Inglaterra, acrescentando que estas medidas podem durar até à implantação da vacina.
“Infelizmente, a nova estirpe estava fora de controlo. Tivemos de retomar o controlo e a única maneira de fazer isso é restringir os contactos sociais”, afirmou, em declarações à Sky News, o ministro de saúde britânico, Matt Hancock.
“Será muito difícil mantê-lo sob controlo até que uma vacina seja implantada. É um grande desafio até lançarmos a vacina para proteger as pessoas. É isso que enfrentaremos nos próximos dois meses”, acrescentou Matt Hancock.
Este sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou que a capital do país, Londres entra novamente em confinamento este domingo, sendo proibidas as reuniões natalícias e encerrado o comércio não essencial para travar a propagação da covid-19 nas duas regiões.
Segundo Boris Johnson, o aumento do número de casos do novo coronavírus obrigou a subir o nível de alerta de 3 para 4, o mais elevado imposto desde o início da pandemia, o que implica o encerramento do comércio não essencial, como cabeleireiros e locais de lazer internos, que terão de fechar após o final do horário comercial no sábado.
Falando aos jornalistas numa conferência de imprensa após uma reunião do gabinete britânico, Johnson indicou também que a prevista “flexibilização” de cinco dias nas restrições de socialização, o que vai permitir que até três famílias se reúnam no Natal, está cancelada nas zonas onde entrará em vigor o nível 4.
O primeiro-ministro britânico salientou também que o sudeste de Inglaterra, onde foi detetada a nova variante da covid-19, seguirá os mesmos passos e regras do confinamento em Londres, pelo que serão reforçadas as restrições durante o período natalício.
As autoridades britânicas já alertaram a Organização Mundial de Saúde sobre a descoberta da nova variante, que se espalha com maior velocidade.
Não há evidências de a nova estripe que seja mais letal ou que possa ter impacto na eficácia das vacinas desenvolvidas contra a covid-19, embora este ponto esteja ainda a ser avaliado “com urgência para confirmação”.
Portugal segue com atenção evolução epidemiológica
Portugal segue “com atenção” a evolução da situação epidemiológica no Reino Unido e está a privilegiar a “cooperação estreita” entre as autoridades de saúde dos dois países, indicou hoje à agência Lusa fonte oficial.
A fonte do gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros respondia à questão colocada pela Lusa sobre se Portugal pensa seguir o exemplo dos Países Baixos e da Bélgica, bem como possivelmente da Alemanha, de suspender os voos provenientes do Reino Unido, após a descoberta de uma nova estirpe de covid-19 no sul de Inglaterra.
“É conhecida a posição portuguesa de privilegiar as medidas de proteção tomadas universalmente, em vez de restringir em demasia as possibilidades de circulação de pessoas que tem de viajar por razoes essenciais – profissionais, por reunião familiar, etc”, indicou a fonte do ministério tutelado por Augusto Santos Silva.
“Mas seguiremos com atenção a evolução da situação epidemiológica do Reino Unido, privilegiando a cooperação estreita entre as autoridades de saúde dos dois países”, acrescentou.
Restrições à circulação com Reino Unido
Hoje, a Bélgica e os Países Baixos anunciaram a suspensão das ligações aéreas e marítimas provenientes do Reino Unido, enquanto a Alemanha está a encarar “seriamente” essa possibilidade.
Em Bruxelas, o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, indicou à cadeia de televisão VRT que a suspensão começa hoje às 24:00 locais (23:00 em Lisboa) e será pelo menos de 24 horas, podendo, porém, ser prolongada.
Por outro lado, um comunicado do Ministério da Saúde holandês recomenda que qualquer introdução desta variante do vírus proveniente do Reino Unido seja limitada tanto quanto possível, “limitando e/ou controlando o movimento de passageiros do Reino Unido”.
Em Berlim, fonte do Ministério da Saúde alemão indicou que o Governo está a encarar “seriamente” a suspensão dos voos provenientes do Reino Unido e ainda da África do Sul, o país africano com maior número de infeções.
As restrições do tráfego aéreo proveniente do Reino Unido e da África do Sul “são uma séria opção” que está a ser analisada por Berlim, acrescentou a fonte.
O Reino Unido está incluído na lista dos 10 países com maior número de infeções e de mortes associadas ao novo coronavírus – mais de 1,9 milhões de casos, 66.541 óbitos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.662.792 mortos resultantes de mais de 74,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
ZAP // Lusa