A Web Summit teve uma proposta para mudar-se para a Ásia, mas preferiu continuar em Lisboa. “Poderíamos ter recebido 25 milhões de euros e ir embora”, disse o fundador Paddy Cosgrave.
A edição deste ano da Web Summit volta a realizar-se em Lisboa, embora de forma totalmente virtual. Ainda assim, o evento vai manter o custo de 11 milhões de euros ao erário público, mantendo o preço acordado antes da pandemia, revela o fundador da conferência.
Paddy Cosgrave entende que se questionem os valores envolvidos, mas diz que a alternativa era cancelar por incumprimento do contrato e mudar este ano para a Ásia, de onde surgiram propostas tentadoras. “Poderíamos ter recebido 25 milhões de euros e ir embora”, realça o irlandês, em declarações ao Público.
“Tivemos propostas para fazê-la num país do Leste asiático este ano. Em vez disso, decidimos manter-nos em Portugal, porque essa é a melhor opção no longo prazo. Vamos organizar uma edição inteiramente online, que será, mesmo assim, a mais cara de sempre”, explica o empreendedor.
A mudança para o formato online resulta de uma “decisão coletiva”, garante Cosgrave, e acarreta uma quebra na receita “de 25 a 30 milhões”.
Apesar de entender as preocupações de alguns deputados, o criador da Web Summit justifica que “todas as grandes conferências da Europa e dos EUA foram canceladas e, no entanto, mantiveram-se as contribuições estatais ou federais”.
“Este é um ano muito mau para nós, mas estamos num casamento de dez anos e concluímos que o melhor era uma conferência digital”, assumiu.
Ainda assim, a Web Summit vai lançar uma nova conferência no continente asiático, reservando um anúncio oficial para a próxima semana.
Paddy Cosgrave argumenta que ficar em Lisboa foi a decisão certa, já que o “valor da marca está ligado a Portugal” e que tal mudança prejudicaria a reputação da Web Summit. “O que parece bom no curto prazo pode ser mau no longo prazo”, atirou.
“Não esqueçamos que a cidade de Valência nos ofereceu 17 milhões só para deixarmos Lisboa e mudarmo-nos para lá. Isto fora as contribuições que viriam do governo espanhol. Mesmo assim, decidimos ficar aqui, porque nem tudo é financeiro”, disse ainda.
Esta será a edição mais cara de sempre, reitera o irlandês. “Temos meia centena de engenheiros a trabalhar de manhã à noite, todo o ano. A infraestrutura, para 140 mil pessoas interagirem online é incrivelmente complexa e o custo elevado. A alternativa era fazer nada, e isso sairia mais barato”.