A administração do antigo presidente norte-americano Richard Nixon considerava a eleição do presidente chileno Salvador Allende em 1970 uma “grave ameaça” aos interesses e posições dos Estados Unidos no continente americano, segundo os documentos classificados agora revelados.
Segundo a agência Efe, documentos governamentais que eram secretos e foram divulgados pela Agência de Segurança Nacional (NSA), dão conta do sobressalto que a eleição de Salvador Allende, no Chile, causou no mandato de Richard Nixon (1969-1974) nos EUA.
Num dos memorandos enviados a Nixon, de 5 de novembro de 1970, o então conselheiro Henry Kissinger – que mais tarde se tornaria secretário de Estado -, considerava a presidência de Salvador Allende “um dos maiores desafios jamais encarados pelo continente”.
Kissinger considerava que Salvador Allende era “um marxista duro e dedicado”, “profundamente anti-norte-americano”, que tentava enfraquecer a influência dos Estados Unidos no Chile e, por arrasto, noutros países da América do Sul.
O conselheiro sublinhava que qualquer decisão de Richard Nixon perante a presidência de Allende “poderia ser a mais histórica e difícil de tomar, porque o que acontecer no Chile nos próximos seis a doze meses terá ramificações para lá das relações entre os Estados Unidos e o Chile”.
A 6 de novembro, o então diretor dos serviços secretos (CIA), Richard Helms, dava conta, numa reunião do conselho nacional de segurança, das tentativas falhadas de uma operação para impedir a tomada de posse de Allende.
Com estas informações, Richard Nixon confirmou, na reunião, a ideia de que Salvador Allende era uma ameaça política para a influência dos Estados Unidos no continente americano: “O Brasil tem uma população maior que França e Inglaterra juntas. Se permitirmos que os potenciais líderes da América do Sul pensem que podem agir como o Chile, teremos problemas”.
Salvador Allende, eleito presidente do Chile em 1970, suicidou-se a 11 de setembro de 1973, no decurso de um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos.
// Lusa