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Khatera foi baleada e esfaqueada nos olhos por ter um emprego

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Khatera, uma afegã de 33 anos, foi baleada e esfaqueada nos olhos, num ataque que as autoridades locais e a própria mulher consideram ter sido uma retaliação ao facto de ter arranjado um trabalho.

De acordo com a agência noticiosa Reuters, Khatera trabalhava há três meses como polícia na província de Ghazni quando o incidente, que a deixou cega, ocorreu.

As autoridades locais e a própria Khatera alegam que os talibãs foram os responsáveis pelo ataque levado a cabo por três homens numa mota. Um porta-voz do movimento nega, contudo, o envolvimento dos talibãs, dizendo que se tratou de uma questão familiar.

Segundo o jornal The Independent, o pai de Khatera, que terá desaprovado o facto de a sua filha ter aceitado o emprego, foi levado pelas autoridades policiais sob custódia.

“Muitas vezes, quando estava de serviço, vi o meu pai a seguir-me (…) começou a contactar os talibãs nas proximidades e pediu para que me impedissem de ir para o meu trabalho”, disse, afirmando ainda que o seu pai deu uma cópia do seu documento de identificação a membros locais do movimento fundamentalista islâmico.

Khatera, que se encontra escondida com alguns dos seus familiares em Cabul, espera um dia voltar a recuperar a visão e voltar a servir na polícia.

Nos últimos meses, várias mulheres têm sido atacadas no Afeganistão, incluindo Saba Sahar, uma das primeiras cineastas do país e Fawzia Koofi, uma política que está envolvida nas negociações do Governo com os talibãs em em Doha, no Qatar.

Ambas as mulheres sobreviveram às tentativas de assassinato em agosto.

“Embora a situação das mulheres afegãs em funções políticas sempre tenha sido perigosa, o recente aumento da violência em todo o país tornou as coisas piores“, disse Samira Hamidi, ativista da Amnistia Internacional no Afeganistão, comentando alguns ataques perpetrados no país relacionados com o género.

“Os grandes avanços feitos nos direitos das mulheres no Afeganistão ao longo de mais de uma década não devem torar-se numaa vítima de qualquer acordo de paz com os talibãs”.

ZAP //

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