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Médicos já sabem quem devem salvar se os hospitais entrarem em ruptura

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Giuseppe Lami / EPA

A Ordem dos Médicos já emitiu um parecer a informar os profissionais da classe sobre como devem actuar no caso de os hospitais entrarem em ruptura, para decidir quem deve receber tratamento em Cuidados Intensivos, quando não haja vagas para todos os doentes.

O aumento dos casos de covid-19 no país, com as camas em Cuidados Intensivos a escassearem, levou a Ordem dos Médicos (OM) a emitir um parecer do seu Conselho de Ética, com recomendações para os profissionais de saúde que tenham que se deparar com situações em que precisem de decidir quem devem ou não salvar.

É “uma situação absolutamente avassaladora”, assume o Bastonário da OM, Miguel Guimarães, na RTP1, recordando que o parecer da Ordem surge no seguimento dos “relatos de Espanha e Itália”, aquando da primeira vaga de covid-19, e numa altura em que se teme que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre em ruptura.

O parecer “alerta para meia dúzia de situações que são importantes”, vinca Miguel Guimarães, frisando que determina, nomeadamente, o facto de “a idade não poder ser o único critério a usar nestas circunstâncias”. Será preciso ponderar “outras situações, como as comorbidades”, sublinha.

Miguel Guimarães frisa ainda que o parecer destaca que é “fundamental ter uma segunda opinião” e “haver um consenso entre a equipa que está a tratar daquele doente”.

Além disso, “na definição de prioridade não se pode pensar apenas nos doentes covid”, destaca o bastonário que lembra que, neste momento, os profissionais de saúde já estão a tomar decisões de quem devem ou não tratar no SNS.

Já estamos a decidir que doentes operamos e não operamos, que doentes é que internamos a partir do Serviço de Urgência e que doentes não internamos”, reforça o bastonário sobre o facto de os hospitais estarem a fazer a gestão dos pacientes não-covid que podem acolher para tratamentos, face à saturação dos serviços por causa da pandemia.

Doentes terminais não devem receber terapia intensiva

O parecer da OM destaca que “não se trata de tomar decisões de valor, mas de reservar os recursos que podem tornar-se extremamente escassos para aqueles que têm, antes do mais, maior probabilidade de sobrevivência após o tratamento”, como cita a TVI24.

Salvar mais vidas e mais anos de vida é consistente, tanto com perspectivas éticas utilitárias que enfatizam os resultados baseados no bem comum, quanto, com visões não-utilitárias, que prevalecem nos médicos portugueses, que enfatizam o valor único de cada vida humana”, acrescenta o documento.

“Apesar de muitos dos doentes serem idosos, esta por si só, nunca pode ser usada como critério. A presença de comorbidades e o estado funcional dos múltiplos órgãos devem ser cuidadosamente avaliados, juntamente com a idade”, destaca ainda o parecer da OM.

“Os doentes onde o benefício é mínimo e improvável por doença avançada ou terminal não devem, tal como em situações de não emergência, fazer terapia intensiva”, vinca o documento, reforçando que “todas as decisões de limitação de acesso deverão ser devidamente fundamentadas e resultar de um consenso da equipa de saúde”.

O documento nota ainda que “o apoio onde esteja disponível o respectivo equipamento e técnicos, de qualquer meio de oxigenação extracorporal, deve ser reservado para casos estritamente seleccionados e com previsão razoável de um abandono relativamente rápido”.

“No caso de decisões de suspensão de atitudes curativas, o médico não pode abandonar nenhum doente que necessite dos seus cuidados, devendo sempre garantir acompanhamento paliativo adequado“, destaca o parecer, concluindo que quando se preveja “um período agónico a curto prazo, deve considerar-se a transferência para um ambiente fora da UCI e tanto quanto possível respeitador da sua intimidade”.

A sedação paliativa “em doentes em deterioração fisiológica, deve ser considerada seguindo as recomendações existentes a respeito, e, sempre que possível, com a colaboração de um especialista em cuidados paliativos”.

Estas regras aplicam-se a todos os doentes e não apenas aos que estejam infectados com covid-19 que não terão prioridade de tratamento.

“A ordem de chegada do pedido de admissão ou da chegada aos serviços de urgência hospitalar” também “não podem ser critérios de prioridade”, destaca o Conselho de Ética da OM.

Por outro lado, a decisão tomada deve ser comunicada ao próprio paciente “sempre que possível” e aos seus familiares e “registada no processo”.

Nos casos em que os pacientes em estado terminal não possam receber visitas de familiares, deve permitir-se que estes se despeçam do doente mesmo que através de telefone. Além disso, deve disponibilizar-se “apoio psicológico e/ou espiritual adequados à sua necessidade e vontade” desses familiares.

Em estados terminais, também os pacientes devem ter direito à presença de “um ministro da sua religião” que terá que “sujeitar-se a todas as medidas de protecção individual” adequadas.

ZAP //

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27 Comments

  1. Os medicos quando se formam fazem juramento salvar vidas. OS politicos quando são eleitos também fazem juramento a todos os Portugueses.
    Onde ficam esses juramentos? Saco roto…

  2. Tiveram meses para reforçar o SNS, o que foi feito? Zero!
    Obviamente reforçar o SNS não dá lucro.
    E ainda existem pessoas que batem palmas.

  3. Embora os critérios possam estar certos, mas quando nos deparamos com um jovem anti máscara ou anti confinamento e um velhinho que protegeu-se ao máximo mas foi contaminado num exame ou consulta, tudo isso deixa de ser justo.

    • De acordo. esses que andam por ai no desrespeito pelas regras do confinamento e distanciamento e sem máscara deveriam ser identificados e, em caso de necessitarem de cuidados médicos serem os últimos a ser atendidos.

  4. “Nos casos em que os pacientes em estado terminal não possam receber visitas de familiares, deve permitir-se que estes se despeçam do doente mesmo que através de telefone. Além disso, deve disponibilizar-se “apoio psicológico e/ou espiritual adequados à sua necessidade e vontade” desses familiares.”

    Pelo TELEFONE?!? despedir-se de um ente querido?,
    Palhaçada do &”#$”$!

  5. Incompetentes.
    sem ideias, sem plano, sem conhecimento. Primeiro Sócrates depois A. Costa, a sim vai a esquerda em Portugal.
    Vergonha! a corja vive com planos de saúde pagos pelo estado, o povo vive com o SNS sem camas e profissionais de saúde sujeito avaliação se vive se morre.
    O PS com estes ministros incompetência não vai longe.

  6. Fazem un chinfrim en relação a “morte médicalement assistida (eutanásia)”. Processo que tem critérios rigorosos, em que o Doente é o único a decidir. Nestes casos, trata-se de recusar prosseguir com todos os meios terapêuticos, pessoas doentes, ao livre critério das equipas medicas. en reunião de staff . Sabendo a penúria de camas de cuidados intensivos e paliativos, tratara-se neste caso de ortotanásia activa. ………Decisões pouco Deontológicas no meu ver !

  7. Passou o António Costa o Verão todo, qual cigarra tonta, a berrar para importar turistas potencialmente infectados, quando o que deveria ter feito seria reforçar o SNS para o Inverno que se avizinhava. O resultado está à vista. Quando é que o Estado se decide a construir um hospital só para infecto-contagiosas em cada capital de distrito, para fazer face a situações deste calibre? Gastou-se tanto dinheiro em centros culturais, casas da música, auto-estradas e barragens desnecessárias, quando para o essencial, que é a saúde, nunca há dinheiro.

    • “Gastou-se tanto dinheiro em centros culturais, casas da música, auto-estradas e barragens desnecessárias”, tem toda a razão, mas quem deve responder a isso é Cavaco Silva que encheu os bolsos dos amigos com os milhões que entravam diariamente em Portugal. Se julga que mudar de governo vão mudar as politicas, está enganado. São todos o mesmo.

  8. Eu também já sei que muitos de nós teremos a sentença lida caso tenhamos o azar de entrar num hospital. Recordo-me da condenação deste governo e seus tentáculos ao governo de Passos Coelho “obrigado a governar sob imposição da troika” e do convite que fez a enfermeiros e médicos sem colocação na altura, para procurarem trabalho fora. Vieram estes com a promessa nunca cumprida do retorno dos mesmos que em tempo de vacas gordas como receberam já a governação, esqueceram-se da promessa, já vão num segundo governo e numa situação atual de calamidade sanitária nunca vista com necessidades extra em relação à classe médica e a promessa continua por cumprir. Já percebi que estão mais de amizade com os cangalheiros que vão tendo cada vez mais trabalho.

  9. Há velhos que são uma ajuda preciosa a filhos e netos, enquanto há jovens que são autênticos parasitas sociais. A idade só deve ser um critério se estivermos a falar de crianças, de resto não.

  10. Eu já aqui o disse que,a estratégia do governo é que os idosos são um pesadelo nas contas da segurança social por isso,mais não digo.Só tenho pena dos milhares de idosos que tanto deram ao país serem agora completamente desprezados pelos políticos deste país.

  11. Para quê discutir na Assembleia da Republica uma Lei para a Eutanásia? é só perder tempo, pois pelo que leio neste artigo,
    SERÁ que ela está a ser preparada sem ir á Assembleia da Republica?.
    O que estamos a assistir não é 2ª. vaga nenhuma, apenas o relaxo que houve nos motivado pelo auto elogia dos portugueses quando surgiu o covid 19 como bons alunos.
    Pergunto quem leva as infecções para dentro dos Lares?, porque a grande maioria são Lares da Santa Casa?, que medidas obrigatórias foram ou são tomadas para isso não acontecer?,.
    O Governo está atirar a responsabilidade para os cidadãos, desresponsabilizando-se do que é obrigado num estado de direito que tanto apregoam.
    Vejam nos outros países da Europa quanto custa ao cidadão atirar uma máscara para a via pública, cá pelo menos em Lisboa é velas em todo o lado na via pública.
    Recolher obrigatório pois quem não cumprir as autoridades conduzem os infractores a casa, disse não haver policia para cada cidadão para fiscalizar cada cidadão,então?, já há para levar os cumprimentadores do recolher obrigatório?.
    Nos cafés e não só estão 4 clientes ou mais a ocupar mesas com dimensões de 60X60 cm em amena cavaqueira,aonde está a distancia de segurança?.
    Parece-me que as medidas que saem são feitas á pressa e encima do joelho.

  12. Para os que criticam esta decisão.
    O que propõem fazer nestes casos?
    Como deveria ser feita a seleção de doentes a receber tratamento?

    • Primeiro desligava-se a máquina a qualquer um que fosse ladrão (inclui a classe política e os magistrados). Depois aos comunistas e aos bloquistas porque graças a estes dois partidos não é possível estabelecer acordos com o privado para aumentar a capacidade de resposta em tempo de pandemia. Seguiam-se os adeptos do Benfica e do Sporting. E por último, todos aqueles que costumem ver o Preço Certo.

      • Pois deves ser portista andrade já vi aonde o futebol vem para aqui chamado só de uma mente doente e faciosa que num assunto tao sério e grave vem colocar futebolqunto ao resto até concordo.

    • Não sei que idade o senhor (a) tem mas por certo não estará na faixa etária daqueles que irão ser sacrificados. E se acaso tiver pais idosos, no caso de algum deles ter a triste sorte de ficar infectado e necessitar de cuidados intensivos, acredito que não se importará que lhe sejam aplicados os critérios com os quais concorda no caso de ser necessário ‘escolher’. Com um bocadinho de sorte talvez consiga despedir-se deles, pelo telefone.

  13. ISTO e que e democracia ,,,,,,,,campos de concentração covid sem responsáveis,,,,,,,,,,,,,,,,,,, ,hospitais so se for europortos ou companhias de aviação ………….mais nao digo

  14. Estou muito triste ao ler tal coisa, que Portugal é este . Tenho 76 anos cumpro escrupulosamente todas as orientações dadas pelos os que nos governam felizmente estou bem neste momento, e se tenho o azar de contrair está doença .ESTOU CONDENADO À MORTE ? viva Portugal por quem tanto dei pelo meu país na vida militar salazarista! PEÇO A TODOS OS PORTUGUÊSES CUMPREM AS ORIENTAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Faz o pedido a todos os Português de: José Manuel Mesquita Rocha de Guimarães. ENCADERNADOR.

  15. Para
    quê discutir na Assembleia da Republica uma Lei para a Eutanásia? é
    só perder tempo, pois pelo que leio neste artigo,
    SERÁ que ela está a ser preparada sem ir á Assembleia da Republica?.
    O que estamos a assistir não é 2ª. vaga nenhuma, apenas o relaxo que
    houve nos motivado pelo auto elogia dos portugueses quando surgiu o
    covid 19 como bons alunos.
    Pergunto quem leva as infecções para dentro dos Lares?, porque a grande
    maioria são Lares da Santa Casa?, que medidas obrigatórias foram ou são
    tomadas para isso não acontecer?,.
    O Governo está atirar a responsabilidade para os cidadãos,
    desresponsabilizando-se do que é obrigado num estado de direito que
    tanto apregoam.
    Vejam nos outros países da Europa quanto custa ao cidadão atirar uma
    máscara para a via pública, cá pelo menos em Lisboa é velas em todo o
    lado na via pública.
    Recolher obrigatório pois quem não cumprir as autoridades conduzem os
    infractores a casa, disse não haver policia para cada cidadão para
    fiscalizar cada cidadão,então?, já há para levar os cumprimentadores do
    recolher obrigatório?.
    Nos cafés e não só estão 4 clientes ou mais a ocupar mesas com
    dimensões de 60X60 cm em amena cavaqueira,aonde está a distancia de
    segurança?.
    Parece-me que as medidas que saem são feitas á pressa e encima do
    joelho.

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