O Japão vai libertar mais de um milhão de toneladas de água tratada da usina nuclear de Fukushima no mar, numa operação que levará cerca de 30 anos para ficar concluída. Ambientalistas e pescadores locais opõem-se à decisão.
A libertação da água, que foi filtrada para reduzir a radioatividade, deve começar em 2022, segundo meios de comunicação nacional e locais, citados pela agência Associated Press. Esta decisão encerra anos de debate sobre como descartar o líquido que inclui a água usada para resfriar a usina, atingida por um tsunami em 2011.
No início do ano, o grupo de especialistas destacado para tratar desta questão indicou que libertar a água no mar ou evaporá-la eram as “opções realistas”. Segundo o jornal Nikkei, em setembro havia 1,23 milhões de toneladas de água residual na instalação.
Ativistas ambientais opõem-se fortemente às propostas, enquanto pescadores e agricultores expressaram o receio de que os consumidores evitem frutos do mar e produtos da região depois da operação. A Coreia do Sul, que proíbe importações de frutos do mar daquela região, também tem expressado preocupação com o impacto ambiental.
O Governo japonês tem estado a deliberar sobre o assunto há mais de três anos. Entretanto, o espaço para armazenar a água – que também inclui lençóis freáticos e a chuva que penetra diariamente na usina – está a esgotar-se.
De acordo com a Associated Press, embora a maioria dos isótopos radioativos tenha sido removida por um extenso processo de filtração, um desses – designado por trítio – permanece na água, não podendo ser removido com a tecnologia existente.
Em janeiro, os especialistas informaram que a libertação da água no mar era uma opção viável porque o método é também usado em reatores nucleares normais. O grupo indicou igualmente o trítio só é prejudicial aos humanos em doses muito elevadas.
Por seu lado, a Agência Internacional de Energia Atómica referiu que a água devidamente filtrada pode ser diluída com a água do mar e então libertada com segurança no mar.
O jornal Yomiuri informou que a água seria diluída dentro da instalação da usina antes de ser lançada para o mar, ficando 40 vezes menos concentrada, com o processo total a demorar 30 anos.
A água tratada é atualmente mantida em tanques, em Fukushima Daiichi, onde os reatores derreteram há quase uma década após um tsunami desencadeado por um terramoto. Mais tanques têm sido construídos, mas todos estarão cheios em meados de 2022.