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Veiga pediu a Rangel cunha para o filho entrar na Católica

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José Sena Goulão / Lusa

O ex-empresário de futebol José Veiga

Rui Rangel terá prometido financiamento partidário a Mendo Castro Henriques – presidente do partido Nós, Cidadãos e professor na Universidade Católica – da parte de José Veiga em troca da entrada do filho no curso de Gestão da instituição.

Na Operação Lex, Rui Rangel é acusado de ter prometido vários favores a José Veiga. Segundo a edição desta segunda-feira do Jornal de Notícias, o ex-juiz desembargador terá pedido a dois professores da Universidade Católica para que garantissem a entrada de um filho do empresário no curso de Gestão.

À margem das suas funções de magistrado, Rangel terá contactado os professores Mendo Castro Henriques e Gustavo da Cunha, em 2013. Além de docente, Castro Henriques é também presidente do partido Nós, Cidadãos.

De acordo com o JN, o ex-juiz terá fornecido os dados do filho de José Veiga, prometendo financiamento partidário ao Nós, Cidadãos por parte do empresário. A prova desta troca surge numa mensagem de texto de 14 de agosto de 201, um dia após receber uma mensagem de Veiga com os dados do filho.

O relatório da Polícia Judiciária (PJ) avança que, no dia 15, Rangel tranquilizou Veiga: “Amigo, já tratei do assunto que me pediu com o responsável máximo da instituição. Penso que vai correr bem. Mas só amanhã tenho a confirmação.”

A candidatura do estudante foi validada, mas a investigação da PJ refere que “não foi instruída com os documentos necessários, pelo que o candidato veio a ser excluído por falta de dados”.

A investigação concluiu que o juiz praticou “atos com vista a interceder junto de funcionários da instituição de utilidade pública” que devem ser relevados, “não obstante o [seu] insucesso”, por terem coincidido com o período, de agosto a setembro de 2013, em que Veiga transferiu 250 mil euros para a “órbita de Rui Rangel”.

À PJ, Mendo Castro Henriques disse “não se recordar” do teor da mensagem em que o juiz lhe pedira a cunha e garantiu que “não desenvolveu qualquer ato para dar seguimento ao pedido de Rui Rangel, classificando o mesmo como inadequado”. O Ministério Público considerou que o professor “não deu qualquer sequência” ao pedido.

Rui Rangel está acusado de corrupção passiva para ato ilícito, abuso de poder, recebimento indevido de vantagem, usurpação de funções, fraude fiscal e falsificação de documento. Já José Veiga está acusado de corrupção ativa para ato ilícito.

ZAP //

3 Comments

  1. Numa entrevista ao director do Centro de Estudos Judiciários, publicada em 2018, foi definido o perfil médio dos admitidos ao CEJ: 32 anos, mulheres na sua maioria. Consultei os requisitos para ingresso no Centro. Fiquei completamente esclarecido, apesar de, antes desses conhecimentos, não ter muitas dúvidas quanto à falta de capacidade da maioria dos membros do Ministério Público. Daí a minha convicção que o MP é o “dark side” da justiça. Existe um sindicado dos magistrados (procuradores), é essa anomalia sindical que manda no MP, não a PGR.

  2. A máfia portuguesa, tal como os cartéis da droga um pouco por todo o mundo, não desistem. Provavelmente são o rastilho para uma grande explosão social… porque, desde as escolas e universidades que aparentemente funcionam muito bem, até às empresas e função pública, só os filhos da máfia chegam ao topo, que é o velho modo de a máfia se perpetuar. Até quando?

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