Uma empresa farmacêutica chinesa revelou hoje que a vacina contra o novo coronavírus, que está a desenvolver, deve estar pronta no início de 2021 para distribuição em todo o mundo, incluindo na Europa e Estados Unidos.
Yin Weidong, o CEO do laboratório Sinovac, revelou que inicialmente a “estratégia foi desenhada para a China e para Wuhan“, mas que nos meses de junho e julho a ajustaram para abranger todo o mundo.
“O nosso objetivo agora é fornecer a vacina para todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, União Europeia e outros”, assegurou Weidong.
Regulamentos rigorosos nos EUA, União Europeia, Japão e Austrália têm historicamente bloqueado a venda de vacinas chinesas, mas o administrador da farmacêutica disse que isso pode mudar.
Juntamente com a Sinopharm e com a empresa privada filiada ao exército chinês Cansino, a Sinovac está a desenvolver uma de quatro vacinas candidatas no país, com mais de 24 mil pessoas a participar nos testes clínicos da vacina Coronavac no Brasil, Turquia e Indonésia, disse Weidong.
A Sinovac escolheu estes países porque todos são populosos, tiveram surtos graves e têm uma capacidade limitada de pesquisa e desenvolvimento, explicou.
A fábrica da Sinovac, situada no sul de Pequim, foi construída em poucos meses e a sua planta foi projetada para permitir que a farmacêutica produza meio milhão de doses da vacina por ano.
A instalação está já a operar, com funcionários a encher frascos minúsculos com a vacina e a embala-los. A empresa projeta que poderá produzir centenas de milhões de doses até fevereiro ou março do próximo ano.
A Sinovac também está a começar a testar pequenas doses da Coronavac em crianças e idosos na China. Embora a vacina ainda não tenha passado pelos testes clínicos de fase 3, um padrão globalmente aceite, a empresa já injetou milhares de pessoas na China.
Weidong partilhou que, juntamente com investigadores, foi um dos primeiros a receber a vacina experimental, há vários meses, depois de ser provado nas fases um e dois dos testes em humanos que não causavam efeitos adversos graves.
“Isto é uma espécie de tradição na nossa empresa”, disse o administrador da farmacêutica, acrescentando que fez o mesmo com uma vacina contra a hepatite em desenvolvimento.
No início do ano, a China permitiu o “uso de emergência” de vacinas candidatas para populações em risco, se as empresas mostrassem “segurança e bons anticorpos” em testes com cerca de mil pessoas, disse Weidong.
A Sinovac recebeu a aprovação em junho passado, junto com a Sinopharm e a Cansino, e foi capaz de fornecer dezenas de milhares de doses da Coronavac para o governo municipal de Pequim.
Os funcionários da farmacêutica chinesa foram qualificados para uso de emergência da vacina porque um surto naquele local prejudicaria a sua capacidade de a desenvolver. Cerca de 90% dos colaboradores da empresa já foram vacinados, revelou Weidong.
Vacina da Novavax na fase final dos ensaios clínicos
A empresa norte-americana de biotecnologia Novavax anunciou esta quinta-feira que iniciou, no Reino Unido, a fase final dos ensaios clínicos da vacina experimental para combater a pandemia de Covid-19.
O objetivo do estudo é incluir 10 mil participantes com idades entre os 18 e os 84 anos de idade, noticia a agência AFP.
“Devido ao alto nível atual de transmissões de SARS-CoV-2, e dado que provavelmente continuará a ser alto no Reino Unido, estamos otimistas de que o ensaio clínico beneficiará de um recrutamento rápido e apresentará resultados de eficácia a curto prazo“, explicou o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Novavax, Gregory Glenn.
Esta é a 11.ª vacina experimental do mundo a entrar na última fase de testes clínicos e a envolver dezenas de milhares de participantes. Normalmente, metade dos participantes recebe um placebo e a outra metade é testada com a vacina.
No ocidente, os projetos em fase mais avançada são os desenvolvidos pela AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford, pela Pfizer e pela Moderna.
ZAP // Lusa