A descoberta de um enorme conjunto de registros dentários mostra que um dos maiores predadores do Cretáceo era habitante do rio – e não um caçador terrestre.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, examinou uma coleção de mais de mil dentes e concluiu que os gigantes espinossauros eram enormes “monstros do rio”.
Estudos no início deste ano já tinham trazido peso à teoria de que podiam ser dinossauros que viviam na água, uma vez que foi descoberto que as suas caudas eram perfeitamente adaptadas para a locomoção aquática.
O gigante nadador Spinosaurus aegyptiacus podia atingir comprimentos de 15 metros do focinho à cauda, pesando cerca de seis toneladas.
Esta última investigação analisou 1.261 dentes e fragmentos de dentes recuperados de um antigo leito de rio chamado Kem Kem, em Marrocos, que, no seu apogeu, atravessava o Deserto do Saara há cerca de 100 milhões de anos.
Enquanto vasculhavam as suas descobertas, ficou claro que os espinossauros, cujos dentes são fáceis de localizar graças à sua superfície distinta com secções transversais arredondadas que brilham na luz, contribuiu para a maioria da colheita.
“O grande número de dentes que colhemos no leito do rio pré-histórico revela que os espinossauros estavam lá em grandes números, respondendo por 45% do total de restos dentários”, disse David Martill, professor de paleobiologia da Universidade de Portsmouth, em comunicado divulgado pelo EurekAlert. “Não conhecemos nenhum outro local onde tal massa de dentes de dinossauro tenha sido encontrada em rochas com ossos”.
“A maior abundância de dentes de espinossauros, em relação a outros dinossauros, é um reflexo do seu estilo de vida aquático. Um animal que vive grande parte da sua vida na água tem muito mais probabilidade de contribuir com dentes para o depósito do rio do que aqueles dinossauros que talvez só visitavam o rio para beber e se alimentar ao longo das suas margens”, explicou.
O leito do rio Kem Kem é um local popular para os restos mortais de espinossauros em geral, que são frequentemente encontrados entre um elenco diversificado de criaturas do Cretáceo, incluindo peixes-serra, celacantos, crocodilos, répteis voadores e dinossauros terrestres.
Os cientistas afirmam que, embora alguns restos de dinossauros que vivem na terra sejam encontrados dentro do Kem Kem, o grande volume dos dentes de espinossauro prova que viveram e morreram no rio – em vez de ao longo das margens.
Este estudo será publicado em janeiro de 2021 na revista científica Cretaceous Research.