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Os chimpanzés também podem sofrer durante toda a vida por ficarem órfãos

À semelhança do Homem, os chimpanzés podem sofrer durante toda a vida por terem perdido os seus progenitores ainda antes de atingirem a idade adulta. Em causa podem estar maiores dificuldades sociais, bem como reprodutoras.

A conclusão é de uma nova investigação levada a cabo por uma equipa de cientistas do Instituto Max Planck, que observou três comunidades de chimpanzés no Parque Nacional Tai, localizado na Costa do Marfim, conta a agência espanhola Europa Press.

Os cientistas, que publicaram os resultados do estudo na revista Science Advances, monitorizaram os registos demográficos e recolheram amostras de fezes para testes de paternidade de todos os novos membros da comunidade em períodos de até 30 anos.

De acordo com o estudo, os chimpanzés machos que perderam a mãe ainda jovens são menos competitivos e têm menos descendentes quando comparados com outros espécimes que cresceram com as suas progenitoras até à idade adulta.

“Quando estudamos os nossos parentes vivos mais próximos, como os chimpanzés, podemos aprender sobre os antigos fatores ambientais que nos tornaram humanos”, começou por explicar a autora principal do estudo, Catherine Crockford, em comunicado.

 

“O nosso estudo mostra que a presença e o apoio de uma mãe durante os longos anos da infância também era provavelmente uma característica do último ancestral comum que os humanos compartilharam com os chimpanzés, há seis a oito milhões de anos. É provável que esta característica tenha sido fundamental na configuração dos chimpanzés, bem como na evolução humana”, sustentou.

Em que medida sofrem?

As principais teorias sobre a evolução humana sustentam que os pais, ao continuarem a fornecer alimento aos seus filhos até que estes cresçam, permitiram que a espécie humana tivesse o maior cérebro de todas as espécies do planeta comparativamente ao tamanho do corpo, enquadrou a especialista do Instituto Max Planck.

Os cérebros consistem em tecidos de crescimento lento, o que levam a uma longa infância. O cuidado parental contínuo ao longo da infância permite que as crianças aprendam habilidades que necessitam para sobreviver na idade adulta.

Infâncias longas são raras entre os animais, sendo apenas igualadas por outros grandes macacos, como é o caso dos chimpanzés.

Os chimpanzés podem ter uma infância longa, mas as suas progenitoras raramente lhes fornecem alimentos diretamente depois dos quatro/cinco anos, quando deixam de mamar.

Então o que é que as progenitores fornecem aos chimpanzés que lhes dá uma vantagem competitiva face aos espécimes órfãos? A equipa que conduziu o estudo não sabe aina responder à questão, mas frisa que há algumas ideias.

“Uma das ideias sustenta que as mães sabem onde encontrar os melhores alimentos e como usar ferramentas para extrair alimentos escondidos e muitos nutritivos, como insetos, mel e nozes (…) Podemos especular que uma das razões pelas quais os filhos continuam a viajar e a alimentar-se perto das suas mães diariamente até a adolescência está relacionada com o facto de observar as suas mães os ajuda a aprender”.

Roman Wittig, co-autor do estudo, acrescenta: “Outra ideia é que as mães [dos chimpanzés] transmitem habilidades sociais“.

E remata: “Uma vez mais, e um pouco à semelhança dos humanos como os humanos, os chimpanzés vivem num mundo social complexo de alianças e competição. Pode ser que aprendam ao observar as suas mães sobre quando fazer alianças e quando lutar”.

ZAP //

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